Entrevista: Far From Alaska

Quase dois anos depois de nosso primeiro bate-papo, banda nos conta sobre novo disco, turnê e clipes

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Quem acompanha o Monkeybuzz há um bom tempo, sabe que Far From Alaska sempre foi figurinha carimbada por aqui. A primeira vez que publicamos sobre a banda de Natal foi no aquecimento para o Planeta Terra Festival em outubro de 2012 e, um mês depois, já tinha entrevista com o grupo no site.

Como muita coisa aconteceu nesse meio tempo, incluindo o lançamento do disco Modehuman, decidimos que chegou a hora de colocar o papo em dia. Por email, a banda nos contou sobre esses últimos dois anos, disco, clipe e turnês.

Monkeybuzz: Pra começar: O que mudou na banda desde a primeira entrevista que fizemos com vocês até hoje? Como vocês se veem hoje em relação ao que eram em novembro de 2012?
Far From Alaska: Sabe que a nossa visão não mudou tanto? Acho que a gente aprendeu a querer mais das coisas só, penso eu. A acreditar mais na banda, no nosso trabalho e a buscar os três pontos no campeonato com mais vontade! Ahahaha. Não, mas de verdade. Agora a gente tá começando a entrar num mundo que não conhecíamos antes, de gravadora, de festivais grandes e tal, e a frequente resposta positiva do público e da mídia tá fazendo a gente viver o sonho que sempre tivemos.

Mb: Como foi o processo de preparar um primeiro álbum completo, depois de ter um EP na bagagem?
FFA: Foi um processo de continuação na verdade, desde a gravação do EP não paramos de compor até fechar a setlist do disco. Tanto que a maior parte das músicas fazem parte desse momento do EP ainda; o sentimento é o mesmo, a gente se experimentando, se descobrindo como banda (já que nunca houve um conceito fechado do som que queríamos fazer). Foi por isso que decidimos, inclusive, regravar o EP e colocar ele no discão também.

Mb: No ponto de vista de vocês, como tem sido a recepção de Modehuman?
FFA: Até agora, fantástica. A gente nunca sabe o que esperar, nunca sabe como as pessoas vão se portar. O disco é super longo! Pra uma banda nova, é quase absurdo colocar tantas faixas, mas a gente acreditou assim, então lançou assim. Ver as pessoas abraçando isso e entendendo a conexão disso tudo, se idenfiticando com o som e etc é uma surpresa ótima. Sem contar na tal da “mídia especializada”, que também tá dando uma super moral pra gente. É muito feliz tudo isso.

Mb: O que muda na vida de uma banda após sair um primeiro álbum?
FFA: Muda que ela vira uma banda de verdade. Uma banda que agora não é mais uma promessa, ela já é (seja lá o que). É no primeiro álbum que ela corresponde ou não à expectativa que as pessoas tinham e isso é super complexo porque, às vezes, a banda ficou satisfeita com o álbum, sentindo que traduziu seu som melhor que no EP e o público/crítica não recebe assim. No nosso caso deu certo, a gente e a turma gostou, então tá de boa!

Mb: Pra vocês, o que a experiência ao vivo contribuiu para compor as novas faixas?
FFA: Não contribuiu tanto, acho. Talvez em alguns timbres e sonoridades, mas não no processo de composição em si, que sempre foi o mesmo (em estúdio e bem livre).

Mb: : Ainda sobre fazer shows, como vocês percebem as diferenças entre públicos de diferentes regiões e estados do Brasil?
FFA: Uma coisa muito engraçada que percebemos é que, na primeira vez no lugar, as pessoas geralmente não dançam tanto, mas não por nada, é só porque estão assistindo de fato ao show, bem atentas, conhecendo tudo e tal. Aprendemos a viver com isso, porque como trocamos muito com o público, no começo achávamos que não estávamos agradando (afinal, todo mundo olhando pra sua cara sem dançar, né?), mas depois que sacamos isso relaxamos mais. A segunda vez geralmente já tá um caos bem legal na plateia, aí a gente toca o terror junto.

Mb: O clipe de Dino vs Dino foi um dos mais comentados no ano passado. Como foi fazê-lo?
FFA: Nossa senhora, esse é um assunto que só de lembrar a banda treme na base. Ficamos naquele deserto das 3:30 da manhã até as 18hrs, sem nenhum sinal de civilização próxima, nem os carros estavam perto (20 minutos de caminhada na duna pra chegar onde estacionamos), no sol, no vento, tomando surra de areia o dia todo, com a pressão baixando, putz, uma loucura! O mérito total e completo é dos meninos da Granada Filmes, que convenceram a gente de ser doido o suficiente pra embarcar nessa com eles. Dentre poucas coisas que podemos enumerar que aconteceram (porque se formos bater papo sobre tudo, passamos o dia todo aqui fácil) teve carro atolado, resgate com trator, almoço exótico (marmitas de bode e afins que vieram sem os talheres), ameaça de chuva… Até hoje tem areia nas nossas coisas. Sério, não é brincadeira, quem quiser ver, a gente mostra! (risos)

Mb: Como já conversamos, aconteceu muita coisa nesses dois anos. O que foi mais difícil de lidar com uma nova dimensão, um novo tamanho, da banda? E o que é mais legal disso tudo?
FFA: O mais difícil é não saber como agir, o medo de se colocar como menos ou mais do que a realidade da banda (que até hoje a gente nem sabe direito qual é, se alguém quiser nos ajudar nessa missão de saber o que a gente significa no Brasil hoje a gente agradece). O mais legal disso tudo é exatamente essa descoberta. E essa coisa de conhecer pessoas que sacam isso e que veem na gente coisas que às vezes a gente nem se toca, e por isso nos ajudam direta ou indiretamente. No mais, a gente tá indo, pisando num caminho que ninguém de nós nunca pisou antes (apesar de já termos bandas há mais de dez anos em natal). Como disse lá em cima, pela primeira vez parece que nosso sonho de viver de música tá bem ali na esquina, pertinho, e a gente tá aproveitando cada etapazinha dessa conquista. Ou seja, a gente tá nesse clima aí, só amor.

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.