Dillon Francis: A Zueira Tem Limites?

Em um cenário quadrado e automático, produtor preferiu a espontaneidade para angariar base de fãs

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Se você de alguma forma se relaciona com a música, já se deparou com uma figura inusitada do EDM pela internet a fora. Dillon Hart Francis (ou apenas Dillon Francis) tem 26 anos no registro, mas mais parece ter 15 na mentalidade. Em um cenário em que o estranho vira referência, o desarrumado vira tendência, o colorido é moda, por que não envolver a comédia como uma estratégia de trazer a unicidade?

O que no início mais parecia brincadeira de criança, ou molecagem de um adolescente que ainda não tomou bronca de empresário, se tornou uma das características mais fortes que tiraram Dillon Francis do patamar normativo para do estrelato. Entre a leva dos produtores que viram o Moombahton como um estilo promissor, o DJ nunca conseguiu estourar nenhuma faixa, nem nenhuma notoriedade de um cantor ou produtor consagrado para batizá-lo.

O grande “X” da questão é que Dillon Francis nunca pegou um personagem para interpretar. O cara versátil e com criatividade também para chamar atenção seja em vídeos cômicos ou em ilustrações sem nenhum sentido em suas fotos fez com que ele chamasse atenção de uma base de fãs enorme. A humanização que ele trouxe para seu nome aproximou todos os fãs que, além de gostar de suas referências musicais, também simpatizam com gatos (Dillon sempre faz montagens com os bichanos, seja em capa de single, clipes oficiais ou até em sua conta de Instagram) ou até em seu tipo de humor escrachado.

Francis se mostrou pessoa como qualquer um, e alguém que vem com uma aleatoriedade completa. Não tem medo de errar, de consertar e de mudar. Lembro quando vi uma das suas primeiras grandes apresentações no UMF, em 2013, o produtor chegou a errar sua mixagem parando todo o som em Miami. “Isso aqui é uma prova que até os maiores do mundo erram” e entre uma piada e outra soltou seu single da época. Sem deixar se abater, sempre com um sorriso no rosto e uma alma de criança, o produtor vai trazendo esse espírito jovem inclusive para suas produções que respiram sempre novidade. Não hesito nunca em dizer que o set de Francis é hoje, sem dúvidas, um dos mais interessantes de se ouvir. Não só pela técnica (que melhorou muito de 2013 pra cá, com certeza) mas porque o produtor está em constante desafio com sua criatividade. A impressão que se tem é que Dillon trabalha contra a maré, que quer trazer sempre algo que o mundo não está esperando, que soe surpreendente. Suas produções vão vir com um drop incrível, seus clipes com risadas intermináveis e seus sets sempre com alguma pegadinha. Afinal não é qualquer um que abre uma apresentação com Forever Young original e termina com All My Life, de K-CI & JOJO, certo?

Desde seu estouro, sua base de seguidores aumentou em 2 milhões e seu perfil no Instagram não parar de crescer, a Columbia Records apareceu e resolveu tirar o produtor da cena independente. O que muitos fãs preocuparam que a linha sonora iria mudar pela gravadora ser comercial, logo foi descartado pelo próprio Francis. Apesar de seu vínculo, até hoje o produtor não se preocupa em sair do Trap e voltar para o Moombahton, em dar umas voltas no Deep House, em se aventurar no Electro. Em um cenário em que a monotonia se faz presente, Dillon Francis é o anfitrião da farra e mostra direito que é o dono da festa. Soube usar sua personalidade em prol da sua própria imagem, se tornar referência de humor dentro da cena Eletrônica, de DJ descolado e, acima de tudo, de um cara que poderia ser seu amigo. É a versatibilidade mais efetiva de marketing que poderia dar errado e deu certo e o melhor de tudo: foi original. Fluiu porque esse mix de personalidade nada mais é do que o conjunto de Dillon Francis.

Apesar da popularidade e do exponencial crescimento, Dillon Francis não se ataca por isso e nem faz parte da grande “Síndrome do Espetáculo” que encobre toda a EDM. Quem acompanha seu trabalho entende que é muita paixão envolvida e que tudo ali é sobre a música, por isso que é possível misturar tantos BPMs diferentes, tantos estilos distintos, inclusive resgatando faixas dos anos 80 que normalmente mataria uma pista, mas que, seguindo o “Contexto-Dillon-Francis” soa inacreditavelmente engraçado e envolvente. O produtor se apresentará na edição brasileira do Lollapalooza esse ano no dia 28 de março, sábado, em Interlagos (São Paulo). Quem se importa com criatividade, dinamismo e humor está intimado para Tenda Perry no horário do americano.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King