Dez Produtores Brasileiros que Chamam Atenção no Underground

Músicos merecem destaque por seu trabalho no lado-B da cena Eletrônica

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No mesmo embalo da nossa lista da semana passada, ainda tem uma porrada de artistas nacionais que estão mandando ver e aproveitando o bom momento que o país vem passando, musicalmente falando. Não só o Brasil, como o mundo, nunca recebeu tantos investimentos na área da cultura, e a música por ter uma criação bem mais dinâmica e de fácil disseminação conseguiu angariar uma base de fãs mais extensa pelos continentes. No eletrônico é onde vemos isso com maior incidência. Temos três casas noturnas nacionais consagradas na DJ Mag, revista especializada que premia os clubs mais bem votados em todo o mundo, e mais uma aposta para o próximo ano. O consumo desse estilo aqui dentro vem aumentando exponencialmente ao ponto de chamar atenção de investidores lá de fora. O resultado disso? Tomorrowland, maior festival de música Eletrônica, sediado na Bélgica, terá edição também no Brasil neste.

Mas, apesar do maior barulho e investimento ser em cima dele, nem tudo se vira em torno do EDM. O Underground no mundo inteiro também bota suas asas de fora e nunca teve um momento melhor, tanto de exposição quanto de receita. Não é a toa que o Deep House, gênero amplamente conhecido por casas nada comerciais, teve em 2014 a maior receita entre todos os estilos. Quanto mais se consome música, mais se investe e quanto mais se investe mais música é gerada, novos nomes são apoiados, novos festivais surgem, novos nucleos de artistas, headhunters, curiosos e por aí vai. No Brasil não foi diferente.

Reunimos um time bem bacana de gente que fez acontecer, mesmo que do zero, e hoje já faz parte de coletivos e até selos gringos. Essa é a nova cara da música brasileira e o Monkeybuzz apoia e estimula a valorização da produção brasileira, em qualquer gênero contemporâneo.

CESRV

Com 28 anos, Cesar Pierri tem longa carreira como produtor em São Paulo e, de um tempo pra cá, vem trabalhando mais com seus sons autorais. Lançou o incrível selo Beatwise Recordings o qual abraça artistas que movimentam a cena cultural eletrônica urbana e que falaremos por aqui. CESRV, apesar de ter seu pé cravado no Hip Hop, sabe rechear suas faixas com referências claras de Jazz, Soul e até a alma brasileira. Tem três EPs bem criticados – Chances (2012), Nowhere (2013) e Thousand Sleepless Nights (2014) – sendo esse último um mesclado entre influências antigas e modernas tornando um instrumental inovador e com identidade.

SANTS

Outra mente por trás da Beatwise Recordings, Diego Santos, ou SANTS como gosta de ser aclamado, tem uma série de trabalhos espalhados pela internet. Soundies e Low Moods, ambos produzidos em 2013, tiveram grande aceitação, mas com a ousadia das 10 faixas de Noite Ilustrada que o produtor elevou seu nível. O trabalho contou com colaboração de artistas como Cybass, CESRV, China, NeguimBeats e Xhjyl. A influência do Trap aqui é mais visível, por conta da percussão, mas nada de drop. A produção um dia já foi mais intença como TNGHT, mas hoje em dia é densa e urbana. Apesar disso existe muito mais aproximação com a pista do que o que Pierri faz.

NeguimBeats

Quem vê nunca imagina que esse poço de humildade é vitrine de sites gringos sobre a cena eletrônica no Brasil. Soltou no início do ano passado um EP chamado Sweet Life com o selo Darker Than Wax de Singapura, e de lá pra cá vem se destacando cada vez mais. O cearense, hoje morando em Goiânia, já subiu no palco da Skol Factory assim como já foi recrutado pra participar de faixas de artistas como Sants, Masego e China. Thank You Family e Bells ganharam mais de 15 mil seguidores na sua página do Soundcloud oficial.

Cybass

Criado em berço Drum’n’bass, Glauber Ribeiro sempre se incomodou com a “polícia” que havia pra fiscalizar o que era ou não underground no final dos anos 90. Esse incômodo foi o que distanciou o produtor do gênero e o fez aproximar do grupo já citado acima e de seu novo estilo de produção: uma linha bem mais densa e reflexiva. Dois EPs marcaram essa mudança de rumo e um grande passo pra carreira e maturidade do profissional: Hop It! e Altered Carbon, que nos faz acreditar que essa é a verdadeira alma do carioca.

Vini

Extremamente sensível, sensitivo e detalhista, Vini usa essas características a seu favor em seus trabalhos. Suas produções instrumentais/experimentais bem pautadas no Hip Hop ora mergulham em um âmago urbano como quem conhece sua cidade como a palma de sua mão ora como quem quer fazer seus habitantes sentirem e dançarem essa sinergia. O produtor tem São Paulo como uma de suas maiores inspirações e permeia seu som no R&B, Garage e Future. Talvez seja um dos mais versáteis da safra tendo os dois pés dentro do Trap e uma vontade enorme de misturar esse estilo com batidas de Funk e outros experimentalismos. Já trabalhou com Sants, Jaloo e Cybass.

Omulu

Antonio Antmaper tem impressionado cenas espalhados por todo o mundo por usar influências periféricas nacionais em suas produções. Não é a toa, claro, que tem Diplo, o time da Mad Decent, e até Skrillex na sua cola. Foi um dos criadores da Rasterinha, até por misturar bem o Funk Carioca com Reggaeton, além das várias influências Pop. Hoje o produtor faz parte do selo Buuum, da Skol Music, por ser um dos nomes mais fortes da Bass Culture nacional, responsável pela criação de uma bateria eletrônica casando com toque tupiniquim regionalista, seja carioca ou nordestino. O cara já foi parar na BBC, é pouco?

Vekr

Victor Mota produz há três anos e já chama atenção por sua peculiaridade de misturar Hip Hop com música eletrônica. O produtor, que faz parte de Coletivo Metanol FM, não tem um arsenal muito grande de produções e nem trabalhos lançados, sendo remixes e algumas autorais soltas os carros-chefe. Sua produção marcada fortemente no Trap consegue mostrar que o paulista tem um caminho promissor pela frente.

Flying Buff

Direto do ABC paulista, os meninos do Flying Buff apresentam uma nova fórmula para a Bass Music que mistura Trap com elementos variados, seja Hip Hop, Indian Music ou até Favela Carioca. O duo lançou um EP com seis faixas com 5 colaboradores amigos que fazem história de alguma forma: Ruxell, Clinton Sly, Mauro TelefunkSoul, Sugar Crush e Vini. A anarquia, que parece muito com o que Tropkillaz faz, se varia quando suas produções encontram elementos baianos, cariocas, do Reggaeton, da rasterinha e criam uma identidade que só o brasileiro tem: a da mistura.

Ruxell

Um dos cariocas mais interessantes dessa geração, Ruxell pega o que temos de melhor e faz seus edits em Trap, desde músicas comerciais em Rock até Funk Carioca. É autor de uma lista enorme de autorais e remixes, além de uma página movimentada para relativo pouco tempo de carreira. Já participou de EPs de produtores da cena nacional, também assinou EPs autorais além de ser pauta em sites gringos do estilo. Ruxell é ousado e traz uma energia digna de qualquer nome renomado.

MJP

E pra finalizar MJP, também integrante do Metanol FM e Metagrafismo, e dos selos Beatwise Recordings, Aural e Factus Records, pega uma veia mais experimental e transita de forma mais versátil entre o Bass, Techno e o House. Entre suas gigs mais famosas estão a Red Bull Academy Bass Camp e o Boiler Room São Paulo.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King