“Compor e Gravar É Natural” para Yo La Tengo Hoje

Por telefone, baixista James McNew conta sobre shows e novo disco da banda

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Yo La Tengo não é uma banda comum – isso é algo que qualquer um que acompanhe o trio, ainda que de longe e sem muito envolvimento, percebe facilmente. Existe uma força emocional muito grande em seu trabalho, algo que consegue ser combinado de alguma forma a um bom humor natural, talvez pelos três serem exímios instrumentistas, intérpretes e compositores, o que garantiu também público cheio nos shows ao redor do globo e respaldo da crítica nos mesmos lugares em mais de três décadas de carreira.

Sua mais recente ambição foi o álbum Stuff Like That There, um disco de covers de suas favoritas que traz também versões de faixas da própria banda. Por mais inusitado que o conceito seja, não é a primeira vez que o grupo faz isso. “Decidimos lançá-lo agora para comemorar o aniversário de vinte anos de Fakebook, contou o baixista James McNew ao Monkeybuzz por telefone, “achamos que seria algo incomum e nada óbvio revisitar o conceito daquele álbum para marcar a data”.

Assim como tudo o que o trio tem feito, sobretudo em seu lançamento anterior (Fade, 2013), o lançamento oscila humores e diferentes energias. Isso é muito evidente também no palco, com repertórios que misturam faixas próprias de grandes festivais com outras bem mais introspectivas. “É muito natural para nós”, diz McNew, “gostamos de tocar alto e gostamos de tocar baixo. Sentimos que é melhor sempre ter os dois lados”.

“Os dois carregam grande intensidade, são muito emocionais”, continua o baixista, “não sei por que trabalhamos assim, mas parece a coisa certa a se fazer sempre”. Sobre a maneira com que o grupo trabalha, ele afirma que “compor e gravar é natural e fácil” neste ponto da carreira”, daí a busca por desafios como o novo disco (“Para Stuff Like That There, fizemos umas 22 músicas e reunimos aquelas que sentimos que eram as melhores”) ou os shows de espírito espontâneo que os três sempre fazem.

“Estou na banda há… 24 anos… e nunca fizemos um setlist de show”, conta, “mesmo se estamos promovendo um álbum, é diferente a cada noite”. Foi assim na última passagem da banda no Brasil, com show em São Paulo (“Essa turnê foi ótima!”, lembrou) e não deve ser diferente nas próximas. “Se é uma cidade aonde não vamos muito, tocamos algumas mais velhas que o público nem sempre pode ouvir ao vivo”, explica, “sempre há músicas que decidimos tocar no dia e ensaiamos na passagem de som, e tem aquelas também que nem ensaiamos, só tocamos direto”.

É nesse espírito que Yo La Tengo trabalha, com a naturalidade que um trabalho tão maduro consegue atingir reforçando as melhores características de seus artistas. McNew comenta que seus shows sempre misturam novos e velhos fãs, o que também indica a relevância que a banda possui através das gerações e o respeito como pode compor e gravar – ao ponto de, mais uma vez, fazer covers de suas próprias músicas e todos nós do lado de cá sorrirmos com uma surpresa que não espanta, mas sempre agrada. Exatamente como sua música faz.

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ARTISTA: Yo La Tengo
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.