007 – Somente Para Seus Ouvidos

Uma geral nas melhores canções dos filmes de James Bond

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Dia desses Monkeybuzz entregou que a canção-tema de Spectre, próximo longa-metragem de James Bond, o agente secreto britânico com permissão para matar, seria composta e interpretada pelo cantor Sam Smith. Fiquei meio decepcionado com a escolha – questão de gosto, é claro – mas aplaudi o senso de urgência que a produção dos filmes tem em relação a este verdadeiro cartão de visitas da cultura pop: o tema de 007, a música que vai fazer companhia à aventura da vez do espião mais famoso do cinema nos últimos, vejamos, 50 anos. Writings On The Wall é o novo tema da saga do velho espião. Ela vai se juntar a todo tipo de canção já composta desde 1962, ano de estreia da aventura O Satânico Dr. No, chegando até 2012, quando Adele conquistou o Oscar de Melhor Canção com Skyfall. Mesmo com tanta tradição, foi a primeira vez que um tema da série de filmes 007 levou a estatueta para casa, algo quase inacreditável, dada a importância e a penetração dos longas.

James Bond, o personagem criado por Ian Fleming, é um agente secreto com permissão para matar. Poucos recebem tal autorização do departamento de inteligência britânica, o MI6. Isso faz dele um cara temido e conhecido, tanto entre seus pares quanto seus inimigos. Como Bond é uma criação de outros tempos, sua personalidade foi construída como a de um macho-alfa ocidental, indestrutível, mortal e charmoso, tudo junto. Era um símbolo da própria Inglaterra no cenário mundial, ainda capaz de manter atrativos e relevância num mundo em que a Guerra Fria dava o tom das disputas internacionais. Entre o antagonismo da CIA e da KGB, Bond conseguiu sobreviver com a habitual fleuma britânica, inabalável, inatingível e, mesmo que o fosse, inevitável.

A chegada de Bond ao cinema se deu ainda na década de 1950, mas as produções da série que dura até hoje tiveram início em 1962, com Dr.No. Neste filme, o agente foi interpretado por Sean Connery e o elenco ainda trazia uma estonteante Ursula Andress, cuja célebre cena na praia é das mais icônicas do cinema. Para este filme, foi recrutado o compositor Monty Norman, encarregado de fazer a trilha sonora. Podemos dizer que Norman colocou o nome na história ao compor o James Bond Theme para o longa mas, já no ano seguinte, com o segundo filme da série, o sensacional From Russia With Love, John Barry já assumiria o comando. Daí em diante, iniciou-se a sequência de canções pop na trilha dos longas-metragem. A mais emblemática veio logo em 1964, quando a cantora galesa Shirley Bassey colocou seu vozeirão a serviço de Goldfinger, composição de Barry e Anthony Newley, que serviu para estabelecer a associação definitiva entre as peripécias de Sean Connery nas telas e as canções nas paradas de sucesso. Ao longo do tempo, o personagem evoluiu e acompanhou as referências culturais dos diferentes momentos. Foi interpretado por George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig.

Separamos uma boa lista de acertos e furos nas escolhas de canções e intérpretes ao longo dos tempos. Vejam, conheçam e digam se concordam.

Shirley Bassey – Goldfinger (1964)
A canção que colocou os filmes de Bond nas paradas de sucesso dos dois lados do Atlântico. Vozeirão de Shirley Bassey inconfundível.

Tom Jones – Thunderball (1965)
Outro cantor galês dando voz a tema de 007. Tom Jones estava no alto das listas de mais executados, com seu sucesso It’s Not Unusual.

Nancy Sinatra – You Only Live Twice (1967)
Tema de um dos melhores longas da série, em português Com 007 Só Se Vive Duas Vezes e também a favorita de todos os tempos deste escriba.

Paul McCartney e Wings – Live And Let Die (1973)
Sir Macca e sua segunda banda mais famosa de todos os tempos mandando ver numa canção inesquecível, que ele interpreta em shows até os dias de hoje, cheia de explosões, mudanças de andamento e a produção de George Martin, indicada ao Grammy na época. Do filme de mesmo nome.

Carly Simon – Nobody Does It Better (1977)
Canção marcante na carreira da então Sra. James Taylor, que vivia um grande momento nos Estados Unidos. A intepretação de Carly é perfeita, irônica e desesperançosa. Do filme O Espião que me Amava.

Rita Coolidge – All Time High (1983)
Bela canção para um filme não tão interessante, no caso, Octopussy. As produções de 007 tiveram dificuldade para adaptarem-se às novas conjunturas do fim da Guerra Fria. Os roteiros só renovaram o fôlego em meados dos anos 1990.

Duran Duran – A View To A Kill (1985) Um dos melhores temas da série, levada adiante por um Duran Duran na ponta dos cascos, em plena forma e no topo do sucesso. A canção também é um dos maiores hits da carreira da banda. Do filme de mesmo nome.

A-Ha – The Living Daylights (1987)
A banda norueguesa estava no topo do sucesso mundial quando foi convidada para compor e interpretar o tema homônimo do filme de Bond. Foi sucesso muito maior que o longa.

Tina Turner – Goldeneye (1995)
Ressurgimento dos filmes de 007 após um hiato de seis anos. A trama recupera o ideário do agente e apresenta Pierce Brosnan como o novo ator a intepretar Bond. Tina Turner faz interpretação pra lá de competente, lembrando Shirley Bassey. Do filme de mesmo nome.

Madonna – Die Another Day (2002)
Simplesmente uma das melhores canções de filmes de 007 de todos os tempos, totalmente imprevisível e diferente do que as produções apresentaram até então. Como se não bastasse, o filme é sensacional.

Jack White e Alicia Keys – Another Way To Die (2008) O filme é um dos piores da saga, Quantum Of Solace, mas a parceria de dois artistas tão distintos dá liga e funciona que é uma beleza.

Adele – Skyfall (2012)
Belezura de canção de Adele, totalmente inserida no contexto dos longas e vinculada a um dos melhores roteiros da saga. Funciona como um reboot nas aventuras do agente, sob a batuta do diretor Sam Mendes.

Sam Smith – Writings On The Wall (2015)
A novíssima canção a ornamentar um filme de 007. Dividiu opiniões ao redor do mundo e estará nas telas em novembro, abrindo Spectre, o novíssimo longa da série.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.