Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.
Céu
Se você parar para pensar, ouvir música é um ato sempre anacrônico, já que mesmo um lançamento recente chega aos nossos ouvidos em descompasso da linha do tempo do artista, seja incluindo o período de produção ou o que leva para o disco pronto chegar aos nossos ouvidos. Tá aí também um motivo dos shows serem tão especiais, já que não só o espaço é divido com os músicos, como também justamente o tempo.
Minha relação com Céu foi anacrônica por natureza, já que eu tive a impressão de tê-la conhecido antes da grande maioria dos meus amigos, mas só ter começado a ouvi-la de fato muito tempo depois. Tanto é que eu só fui comprar seu homônimo disco de estreia em 2009, quando Vagarosa já estava para sair. Mas lembro-me de entrar em uma loja perto do meu trabalho na época e encontrar o CD em promoção – “já era”, pensei, e a história (re)começa aí.
Como grande parte da população, cheguei fisgado por Lenda e Malemolência (que tiveram sua importância para mim lá por 2006, um ano após o lançamento, e eu ouvia como os grandes hits que foram na época, pelo menos no meu meio social) e fiquei por algumas favoritas pessoais, como 10 Contados (ok, preferida minha e de meio mundo, eu sei) e Valsa Pra Biu Roque (uma das melodias mais bonitas que ouvi naquela segunda metade de década). Foi um disco que me acompanhou muito em horas-extras no escritório, rascunhos de textos e dicas de música para os amigos.
Nessa relação de linha de tempo meio zuada, fui ver Céu ao vivo pela primeira vez – acreditem – só em 2015, com a turnê de seu DVD ao vivo. Saí do show com Malemolência na minha cabeça por dias e dias, daí precisei ter a “recaída” que uma baita performance merece causar em qualquer um. Foi bom me apaixonar novamente por Roda, Ave Cruz e Mais um Lamento, para citar algumas. Aliás, a sempre citada Concrete Jungle continua a belezinha que sempre foi – isso merece ser dito.
Talvez ouvir um disco seja um ato anacrônico porque as canções, quando lançadas, se eternizam, então as medidas que conhecemos de relógios e calendários não são eficazes. Logo, sempre dá tempo de ir atrás de uma obra dessas se você ainda não teve a experiência, daí também a recomendação deste artigo – ou você acha que a seção chama-se Fora de Época à toa?
E se alguém ficou curioso, eu ouvi Caravana, Sereia, Bloom assim que saiu. Já Vagarosa… seria altamente embaraçoso admitir quando parei para escutá-lo pela primeira vez (ok, foi em 2012).