Entrevista: Mahmundi

A mentora do projeto musical, Marcela Vale, conta um pouco sobre como tem sido a ascenção da banda e algumas de suas referências musicais

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Fotos: Fernando Galassi

As variadas colorações digitais do projeto Eletrônico e Chillwave da Mahmundi tem alcançado cada vez mais os corações do público brasileiro, seja se deparando com as travessas canções do EP Efeito das Cores ou assistindo a um de seus primeiros shows, que começaram a dar passos mais largos há pouco tempo.

A partir disso, conversamos com o nome que encabeça o grupo, Marcela Vale, e ela nos contou sobre suas influências musicais, boas bandas de nomes e sons legais no Rio e seu eterno amor pela cantora Rita Lee. Ouça o disco no player e acompanhe toda a entrevista abaixo:

Monkeybuzz: Lucas Paiva tem o seu projeto próprio People I Know. Marcela Vale e Velloso vivem só de Mahmundi ou existem projetos paralelos (quaisquer outros) em suas rotinas cariocas? Marcela Vale: Pois é. Lucas mandou muito bem no People I Know e o Velloso tem sua banda, chamada ‘Crombie. Mahmundi é o meu projeto… ou seja, estamos todos sempre ocupados! (risos). Mas estamos nos lançando por aí. Até o final do ano temos mais novidades. “Tchan tchan tchan tchan”!

Mbuzz: As influências oitentistas no seu som são facilmente assimiláveis. Apesar de ter nascido nesse período, quais artistas que bombavam enquanto você nascia que você mais te influenciaram? MV: Eu sempre penso no Phill Collins, campeão de hits nas radios e sempre me fazia chorar. Eu sempre gostei muito de música, mas com sete, oito anos não dá pra decorar os nomes. Mas sempre lembro de músicas dançantes, músicas decisivas, como algumas de Elton John, Peter Cetera, B-52’s e todos aquelas love songs que a gente nunca vai saber todos os nomes.

Mbuzz: A grande variação de instrumentos dos quais você toca vem duma aprendizagem autodidata ou baseada em vários cursos e viagens? Devido a essa grande noção de variados instrumentos, é possível o Mahmundi experimentar novas sensações e beats para um primeiro (ou segundo) disco de estúdio? MV: Autodidata. Eu nunca estudei. Sempre ia pros instrumentos tentando reproduzir aquilo que estava ouvindo. É claro que hoje eu estou muito mais rápida no raciocínio, já que a ralação me fez ficar atenta. Tiro músicas de ouvido, pesco frequências e vou entendendo a microfonia pelas notas, então isso acaba sendo mais fácil. Eu quero fazer com que minha música voe o melhor que puder, não quero me prender. Quero experimentar sim coisas novas, mas sem perder a ternura da coisa. E eu não estou parafraseando Che Guevara aqui, ok?

Mbuzz: Em seus shows, tem rolado sempre um cover de Rita Lee da música “Corre Corre”. Qual período da sua vida (e da Rita) esse som foi mais presente e marcante? MV: Aos 21 anos, fui apresentada a Rita Lee. Meu amigo me deu Atrás do Porto tem uma Cidade e disse: “Antes da Rita ser isso que você ouve nas rádios, ela é muito mais coisa! Ouve esse disco! Rita Lee já é grande há muito tempo!”. Quando cheguei em casa, tomei um soco no ouvido. Ouvi De Pés no Chão e fiquei em choque. Depois, voltei à casa dele e disse: “Luís, tem mais coisa?”, e ele me veio com sua caixa de vinis. Daí foi que o amor começou de verdade. Corre Corre já é da fase 80, dançante, e eu amo muito aquele disco inteiro. Ou seja: De vez em sempre estou dançando Rita Lee em casa.

Mbuzz: Pensando no som atual que ronda o Rio de Janeiro, quais bandas você destaca como um combo novidade + qualidade? Existe uma certa resistência ou pensamento conservador por parte do público e dos músicos cariocas, que evitam se aventurar no estudo e desmembramento musical? MV: O Circo Voador me fez ver muitas bandas, mas poucas bandas do Rio. Eu gostava muito do Moptop. Houve uma época em que pipocavam muitas coisas, como Rockz, Tereza, Tono etc. Hoje, já são bandas que estão com suas bandeiras fincadas. Dos cariocas de hoje, eu indico a banda Crombie, que tem como baixista o Felipe Velloso! Só de ter ele, já garanto que é uma banda boa.

Mbuzz: O “Efeito das Cores” ultimamente tem brotado por sessões ao vivo de relevância no Brasil e a banda tem se ampliado cada vez mais geograficamente. Como você vê esse crescimento tao rápido em tão pouco tempo? MV: São muitos fatores. Tem a competência do trabalho, tem a dinâmica, tem a ralação e tem as pessoas envolvidas. Sempre gente querendo expandir isso para o mais longe possível. Desde minha mãe, que fica compartilhando e pedindo pras amigas baixarem o disco, até os jovens amigos que estão sempre apresentando o Mahmundi em seus blogs. Gente que chega na maior simpatia pra colher uma entrevista ou mandar um link que acabou de sair no seu site. Eu acabo vendo as coisas sobre o Mahmundi depois. Tento atualizar a página e as vezes dou um “Google” e fico bem feliz de como isso tá sendo bacana.

Acho que a geração da Internet está aí e temos que estar nesse ambiente mais do que nunca. Mas, é bom saber que nos shows as pessoas aparecem e dizem: “É a primeira vez que ouço sua música e adorei! Quero ver outro show!” – E sai de lá com um CDzinho na mão.

Não sei, é tanta coisa junta, mas a raiz de tudo são os bons relacionamentos e o amor pelo que se faz. Isso aparece nas composições, na música, nos arranjos e nos palcos. E é assim que a coisa vai sem freio!

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ARTISTA: Mahmundi
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.