Entrevista: The xx

Jamie xx comenta show no Lollapalooza e processo criativo do trio

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Fotos: Gavriel Maynard

Pode pesquisar por aí, The xx roubou a cena no Lollapalooza Brasil 2017 com uma apresentação envolvente e animada – a coroação para o público brasileiro de um som já há tanto tempo admirado.

Jamie xx sentou com o Monkeybuzz três dias depois do evento para contar um pouco sobre a experiência de tocar em festivais e a criação de seu mais recente álbum, I See You.

Monkeybuzz: Precisamos começar falando de Lollapalooza. Para muitos, The xx fez o melhor show do festival. E o mais interessante, se não curioso, é que, ao lado de Metallica, The Strokes e outros, é a banda que faz o som menos expansivo. Como é para vocês tocar em um evento desse porte?
Jamie xx: Bem, acho que o disco anterior teve um ciclo muito longo. Trabalhamos ele ao máximo, tocamos em grandes palcos e, no fim, estávamos tocando também em grandes festivais. Tínhamos que resolver como fazer isso. E creio que isso tenha influenciado a produção deste disco, isso ficou nas nossas cabeças. Daí, desta vez, já tínhamos ideia de como faríamos em grandes shows e grandes festivais, e tem sido bem legal.

Mb: Acho que é inegável como houve uma mudança no som de vocês, já que I See You é mais animado, talvez até mais feliz, que os anteriores. Você mencionou como tocar em palcos grandes influenciou o disco, mas como foi o exercício de mostrar um outro lado da banda?
Jamie xx: Sim, acho que nós estávamos muito mais relaxados no estúdio, só curtindo, sem se preocupar tanto com uma sonoridade específica. O último álbum era muito introspectivo, nos preocupamos demais com ele, então foi bom poder se sentir mais à vontade e acho que isso saiu no som.

Mb: Como músico, como é para você poder trabalhar novos sons, mas ainda manter sua própria identidade como banda? Jamie xx: Acho isso necessário para ter uma carreira. Acho que nós como grupo encorajamos uns aos outros, ajudamos muito um ao outro para progredirmos. Na hora que achamos que estamos estagnados, é aí que fazemos um novo disco.

Mb: É interessante notar como I See You saiu em um momento tão atribulado no mundo inteiro e, com seu espírito mais leve, pode ser um grande alívio para o ouvinte – não que os anteriores não fossem, já que ajudavam as pessoas com suas introspecções. Que você acha disso? Jamie xx: Nós vemos a música como um escape para várias coisas. Não digo que você deva ignorar o que está acontecendo, porque é importante você ter sua voz hoje, mais do que nunca, mas é bom poder ter um descanso, uma pausa das coisas que te dificultam de viver a vida. É isso o que queremos fazer com nossa música, ajudar as pessoas a viverem bem.

Mb: A música te ajuda a viver melhor? Jamie xx: Com certeza. Música é tudo pra mim. É minha inspiração e o que me ajuda a relaxar, mas também o que me ajuda a pensar.

Mb: O que você acha que atrai as pessoas às suas músicas?
Jamie xx: Não sei (risos). É uma pergunta difícil de responder, porque estamos muito envolvidos com o tema. Acho que nossa música é bastante honesta e vem de um lugar genuíno. Fora isso, não sei.

Mb: Você comentou sobre como tocar em grandes palcos ajudou a dar forma a esse disco. E fazer turnês, por si só, também te inspira?
Jamie xx: Acho que ajuda estar em movimento, estar viajando e olhando pela janela, não sei. Para mim, é difícil fazer música trancado em casa por muito tempo. É muito mais fácil se eu estou em trânsito, enquanto há mais acontecendo, e você tem ali um momento consigo mesmo.

Mb: Como trabalhar em seu projeto solo influencia seu trabalho com The xx, e vice-versa?
Jamie xx: Pessoalmente, me ajudou a me tornar um performer melhor por estar mais no palco e me forçar para fazer isso melhor. E como banda, quando trabalhamos no meu disco, era como uma outra entidade, porque ele não precisaria necessariamente ser apresentado ao vivo e não carregava o nome The xx. Então, nós nos livramos de várias das nossas regras do que achávamos que o som deveria ser.

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ARTISTA: Jamie xx, The xx
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.