Mashrou’ Leila: “Temos a capacidade de mudar algo, ainda que em pequena escala”

Banda libanesa apresenta-se em São Paulo neste fim de semana

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A libanesa Mashrou’ Leila é uma dessas bandas que carrega em si muito mais do que a música. Tem a ver com ser um dos poucos grupos do Oriente Médio que consegue uma boa projeção no Ocidente (e cantando em sua língua materna), assim como pelo fato de que suas bandeiras feministas e LGBT causam surpresa em alguns, incômodo em outros e, em alguns casos, ambos os efeitos.

Com passagens compradas para o Brasil, onde o quinteto se apresenta duas vezes neste fim de semana (Sesc Pompeia, São Paulo, com produção Balaclava Records), o músico Firas Abou Fakher falou ao Monkeybuzz que “a música é a mensageira que nos colocou em uma posição de influenciar as pessoas”. “Temos nossas opiniões sobre música, sobre como a sociedade deveria funcionar e sobre como a liberdade que deveria mover o povo. É algo muito positivo, temos a capacidade de mudar algo, ainda que em pequena escala”.

Musicalmente, Mashrou’ Leila trabalha sons bastante universais pertinentes ao que é chamado de Indie hoje em dia, sem ignorar suas heranças culturais – e, melhor ainda, sem precisar apelar a uma língua estrangeira.

“Para nós, isso é lindo”, explica Faris, “acho que parte do motivo disso dar certo vem de acreditar que sua música transmite uma mensagem para além das palavras. Há também a ideia de que a música não é só uma questão de linguagem. As pessoas no palco se expressam em diversas maneiras, o que transmite algo especial para a plateia”.

“Acho que nossa insistência e abertura em expressar quem somos com tanta liberdade chamou atenção da mídia”, conta ele,”as pessoas estão sempre curiosas sobre o que estamos fazendo”. Por outro lado, ele admite que “enfurecemos muita gente” no meio desse processo, o que já levou a cancelamentos de shows e opiniões bastante negativas acerca da banda por parte de alguns.

“Há uma grande maldição conservadora rolando no mundo hoje, vinda do nacionalismo e do medo”, conta Faris, “esperamos jogar uma luz crítica nisso”. “Você é brasileiro e pode ouvir nossa música e ter mais empatia por alguém no Líbano que parece com você do que por alguém em uma realidade muito diferente no mesmo país”, completa.

“No fim do dia, somos apenas músicos dedicados e apaixonados”, conclui, “é isso o que nos guia”. Sobre a vinda a São Paulo (“gostaria de ter mais tempo no país”, comenta), Faris conta que a banda não vê a hora de observar a vida na cidade e conhecer o Sesc Pompeia: “Somos arquitetos e fãs de Lina Bo Bardi”.

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.