A Identidade Indie

Diferente de fãs de outros estilos, os Indies dificilmente buscam se agrupar em alguma “tribo”, se identificando com outras pessoas pela afinidade musical, mas nunca se reconhecendo como um “grupo”.

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Em pleno 2012, não precisamos parar e explicar para alguém o que é um Indie, muito menos contar que as pessoas se reúnem em grupos de acordo com a música que elas costumam ouvir – isso desde o surgimento do Rock, na década de 1950. Então, por que será que o Indie se estabeleceu como um estilo, mas nunca como uma tribo?

Pra responder essa pergunta, vamos voltar para aquele momento da história quando o Blues, o Country e o Jazz criaram o Rock, que logo virou símbolo da rebeldia de uma juventude que não queria repetir os costumes de uma sociedade que causou, por exemplo, a Segunda Guerra Mundial. Era a hora de romper com o que a sociedade propunha e se diferenciar, e as guitarras do novo gênero musical, com as novas roupas e danças, foram o abrigo perfeito para aquele pessoal e impulsionou a Indústria Fonográfica para ela se desenvolver e ficar parecida com o que conhecemos dela hoje.

Ou seja, desde que o mercado musical com discos e shows existe, as pessoas usam seus gêneros favoritos para mostrar sua visão de mundo. Além disso, é natural que o ser humano construa sua identidade a partir do grupo ao qual pertence. Com a grande quantidade de pessoas nas metrópoles, começaram a surgir as chamadas “tribos urbanas”, para facilitar esse processo dos indivíduos se reconhecerem como parte de um grupo e, então, esclarecer sua identidade, muitas vezes baseada pela música que curte. O cara não apenas ouve Metal, ele é metaleiro; Não ouve Punk, ele é um punk.

Mas, voltando à pergunta inicial, por que o Indie é um estilo, mas não ganha o status de “tribo”? Isso tem a ver tanto com características desse gênero, quanto com a época em que vivemos. Todo mundo sabe que o termo vem de “independente”, aquela liberdade de se fazer a arte da maneira que achar melhor, herança do Punk com sua atitude do it yourself (“faça você mesmo”). Ou seja, Indie sempre esteve ligado a rompimentos com a maneira que as coisas eram feitas pelas grandes gravadoras, e sempre com um caráter inventivo e inovador no que faz.

Isso dá a possibilidade do termo “Indie” ser empregado a uma variedade de bandas e artistas bem diferentes entre si, mas que tem esse espírito em comum – o que não acontece muito com os outros gêneros musicais. Isso, por si só, já dificulta um pouco para que as pessoas se agrupem de acordo com sua paixão pelo “som Indie”, pois é difícil estabelecer uma sonoridade em comum entre as tantas bandas e artistas do movimento. Em outras palavras, duas pessoas podem ser fãs de música Indie, gostando de músicas totalmente diferentes entre si, e sem nunca se identificarem uma com a outra. Ou seja, não daria para haver uma tribo Indie.

E tem mais: As novas gerações são, por si só, individualistas. Essa característica aparece nas análises de vários aspectos do nosso tempo, e na música não seria diferente. É o pessoal que trocou o aparelho de som com caixas potentes no quarto, sala ou garagem para ter um iPod e ouvir suas músicas com fones de ouvido – um cenário nada convidativo para a formação de um grupo. E existe ainda a valorização do que é único, aquele fator hipster na maneira que se vive. Para um Indie, é mais legal conhecer bandas que nunca ninguém ouviu falar do que compartilhar com uma multidão o mesmo gosto.

Por isso, não é nada difícil reconhecer um Indie. Ele é aquele que procura a liberdade na hora de se vestir, por exemplo, da mesma forma que a música se desprende das regras das grandes gravadoras. Ao mesmo tempo, em um evento musical do gênero lotado deles, as pessoas ali não vão necessariamente se sentir como parte do todo, como uma tribo. E essa é mais uma forma de independência da maneira que a sociedade se portou nos últimos anos, mesmo daqueles que sempre foram contra a maioria e se separavam em grupos menores. Nada é mais Indie do que isso.

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MARCADORES: Indie

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.