“Phobophobia”: Stroka estreia no selo MEMNTGN

O músico e artista plástico conta um pouco sobre os rumos musicais que trilhou

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Fotos: Divulgação

Há três anos, Leonardo Stroka resolveu investir em fazer sozinho suas criações musicais. Parte desse processo está refletido no EP Phobophobia, que saiu hoje pelo selo MEMNTGN. O universo das artes o conhece pelas intervenções e exposições que já produziu. Dos tempos em que fazia instalações com piscinas cheias de óleo de carro usado até virar produtor musical, que bota a pista para fritar nas festas Carlos Capslock, muitas transições se sucederam.

Stroka já foi parte da dupla EXZ, que era formada com Alexandre, que seguiu com o projeto solo. Ambos se conheceram quando Alexandre tinha se desligado da banda Mel Azul. Eles tiveram o Freak Estúdio como ponte de união. “Ficamos broder, começamos a fazer um som junto, eu e o Ale, virou o EXZ, tocamos algumas vezes na Mamba Negra. Ele sempre foi parceiraço, mas eu pensei em fazer outras coisas. Saí do projeto. Fiquei um ano em casa tocando e pensando em outros rumos”, conta Stroka ao Monkeybuzz.

Frequentador da Capslock, a entrada como residente aconteceu de forma espontânea. “Pelo jeito, L_cio e Tessuto ouviram meu som e curtiram, me chamaram para uma reunião. Toquei algumas vezes na festa e rolou o convite. Acho legal que eu não era amigo de ninguém do rolê, foi muito massa me convidarem por curtirem o que eu toco. Muita gente fala em ‘panelinha’, mas isso não acontece. Sinto que a música Eletrônica no underground é mais aberta e disposta a dividir espaço”, relata.

Até as três faixas ficarem prontas, foram oito meses de bateção de cabeça num Korg Minilogue, um Yamaha DX 21 e o Ableton. “Mexi pra caralho nas faixas, foi bem difícil parar e terminar. Comecei com uma track sem beat, mais ambiência. Daí não conseguia terminar nem fodendo. Gravei com outra. Foi um processo natural, mas bem maluco. Começava um arranjo, deixava outra coisa sem terminar, daí voltava, a última track fiz de surpresa. Foi o caos. Mas, como diz um amigo: mix não se termina, desiste-se. E saiu”.

Stroka também tem uma faixa feita com Ellen Milgrau. “É o meu único trampo de House. A Ellen tava meio de saco cheio do mundo da moda e a música saiu nesse contexto. Gravamos os vocais bem simples num telefone celular. Até tentamos fazer num estúdio, mas ficou muito bonitinho. Preferi que saísse mais rude mesmo. A experiência foi divertida, é capaz que rolem outras músicas nossas mais para frente”.

Entre as influências musicais, pulsam fortes os elementos de sua base como músico. Graças a sua tia avó, a professora Beatriz Cardoso, que deu aulas até para Elis Regina e foi uma das fundadoras das primeiras faculdades de música do país, a Mozarteum, o menino inquieto se enveredou pelo piano clássico partir dos dez anos de idade. “Era foda ter aula com ela, era exigente. Eu levava bronca toda hora: ‘olha pra partitura, fica reto…’ (risos). Eu era bem indisciplinado, arranjava muito problema, às vezes, tocava uma semana toda, depois sumia. Mas esse foi o caminho importante que me colocou na música”.

Garoto metaleiro, Stroka cresceu tocando bateria, baixo e guitarra, ouvindo Nirvana, Motorhead, Deep Purple. Até que uma música fez ele alterar seus planos. “Eu ouvi aquela faixa Arquipélago, do Gui Boratto. Fiquei hipnotizado me perguntando como aquilo foi feito. Aí que eu me joguei no Eletrônico”.

O viés de pensamento como “músico” ainda reverbera nas produções e nos lives do artista. Quando questionado se cogita a possibilidade de fazer apresentações junto de instrumentos musicais, Stroka avalia: “Tenho vontade, porém, eu gosto de manter um setup enxuto, fica fácil de transportar em viagem. Mas tenho vontade, viu?”.

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