Ao lado da banda Albatroz, Cícero desenvolve dois lados de um só show

Leitores Monkeybuzz têm desconto especial para apresentação na Casa Natura Musical (SP)

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Fotos: Eduardo Magalhães

“Se você pode ter duas experiências em um show, porque vai ter só uma?” – em turnê pelo disco Cícero & Albatroz desde janeiro, o cantor e compositor Cícero tem colocado em prática uma das grandes características do álbum (feito em parceria com sua banda, Albatroz), que é a de trazer músicas consideravalmente mais expansivas que as de seus trabalhos anteriores. Ao mesmo tempo, as faixas já conhecidas do passado chegam ou em arranjos em par com as novidades, ou em um momento intimista voz e violão que encontra o tom mais pessoal daquelas composições. É um só show, mas parece até dois (e vale por vários).

Falando ao Monkeybuzz por telefone, Cícero comenta que suas apresentações pelo Brasil e Portugal nos últimos meses mostraram que as mais cantadas, no geral, são as mais intimistas. “Parece que elas continuam frágeis ao vivo, é o momento mais delicado do show”, explica ele, “Aquele Adeus e Velho Sítio (ambas do último álbum) são canções que as pessoas logo assimilaram, desde antes de eu levar pro palco, a gente via pelo número de plays e tal”. Ao mesmo tempo, “as canções que são mais sociológicas, mais baseadas nos arranjos, ganham uma força ao vivo maior do que as intimistas”.

Não Se Vá parece ser uma música que evoca essa coletividade do show, de todo mundo cantar junto”, conta ele, “em casa, você provavelmente ouve música sozinho, ou com poucas pessoas, então as músicas intimistas ganham mais força. Eu já imaginava isso pela sequência de discos que eu venho fazendo ao longo dos anos, sabia que umas músicas ficam mais fortes ao vivo e outras, em casa”. Não é segredo nenhum que tudo isso foi levado em consideração na hora de arranjar e gravar o álbum – como ele mesmo comentou ao site em dezembro, e explicou mais agora: “Acontecia muito na época do Canções de Apartamento de ter alguma música que o pessoal adora ouvir indo pra faculdade, pro trabalho, e no show ela fica perdida no meio de tanta informação, com as pessoas conversando em paralelo, ou com o volume mais baixo, com vocal mais sussurrado… E tem aquelas que você não fica ouvindo pra dormir (risos), e no show, com duas mil pessoas cantando junto, elas ganham um valor maior”.

Ao ser perguntado sobre a maior surpresa na resposta de Cícero & Albatroz, o músico conta que “o que sempre surpreende é a interpretação que as pessoas dão, as relações que elas criam, com que aspecto da vida da pessoa aquela música se relacionou”. Ele explica que, ao compor, “você tá querendo se comunicar com uma pessoa que tá na sua imaginação. Em tese, você tá falando com um sujeito oculto que não existe, mas que você mais ou menos projeta como várias pessoas. Com o passar dos discos, você começa a entender o que as pessoas entendem naturalmente, aí você começa a querer se fazer entender, ou não, de uma forma mais consciente. Às vezes você consegue levar para o canto do não-compreensível, pelo menos pela lógica, e algumas vezes, não, você quer ser sensato, transmitir uma opinião. Mas acho que nem toda música precisa ter opinião ou mensagem. Não precisa nem ter letra, pode ser só som. Só que normalmente a gente quer dizer alguma coisa – pelo menos eu quero. E nessa tentativa de dizer uma coisa que não é tão lógica, você acaba desenvolvendo ferramentas, e você começa a ter um certo domínio com o ofício e faz três, quatro, cinco discos querendo que a pessoa entenda isso”.

E o que Cícero mais gosta em seus shows? “Os momentos instrumentais em que todo mundo toca junto, quando o trompete combina com o baixo, que combina com a guitarra. Como é um disco de banda, a gente já tocava essas músicas no ensaio do jeito que a gente toca ao vivo, então a gente já sentia aquele prazer, já sabia qual era a onda. Eu acho bonito ter momentos intimistas, de voz e violão, acho legal pra caramba. É algo que eu faço desde o primeiro disco, mas eu fui inserindo ele em outras paisagens. Agora, nos momentos que eu tenho sentido uma alegria maior é quando toco com todo mundo. Tocar com outra pessoa é mais divertido que tocar sozinho quando você está no palco”.

Cícero se apresenta com Albatroz nesta sexta, 13 de julho, na Casa Natura Musical, em São Paulo. Leitores Monkeybuzz têm desconto especial na compra online.

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ARTISTA: Cícero
MARCADORES: Entrevista, Show

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.