Soa meio clichê dizer que a música e a arte visual andam lado a lado, porém, nunca é demais lembrar tal fato. E se a música eletrônica é um das mais modernizados estilos musicais, é com a arte concretista, e até certo ponto dadaísta, ambas ligadas ao Modernismo, que temos um viés em que ambas poderiam se relacionar, e assim o fizeram com a Glitch Music.
Surgido no início nos anos 90 na Alemanha, o estilo tem sua base na música eletrônica de vanguarda e se pauta nas rupturas estruturais como sua principal característica. Os primeiros artistas, para produzirem tais sons, se utilizavam de vinis e CD’s (intencionalmente ou não) danificados, buscando então uma sonoridade experimental e que trouxesse as quebras que se buscava. Com o passar do tempo, e advento da informática mais massiva – ou seja, para a proximidade do público comum – os artistas começaram a produzir tudo eletronicamente por impulsos eletrônicos ou por softwares de música.
O resultado desse som transformam é de tornar a arte musical em algo que transcende o som e se revela plástico ao entrar em contato com nossos ouvidos. Desse modo, a Glitch Music é um dos estilo com maior sinergia com as artes vanguardistas e aposta na beleza da falha e da magia do inesperado, visto as quebras repentinas e desestruturadamente pensadas pelo produtor, mas que são desconhecidas do público até o primeiro contato com a música. Entretanto não podemos afirmar que a Glitch Music é um estilo de ruptura, de quebra de paradigmas mais sedimentados e “quadrados” como vemos nas artes plástica, já que não há uma “formalização” em busca de tal enfrentamento.
Alguns dos principais nomes da Glitch Music “raiz” são Alva Noto, Ryoji Ikeda, Cyclo., Vladislav Delaye Tim Hecker, que são responsáveis por trazer a essência glitch em suas produções com samples carregados de barulhos e espaçados entre silêncios. Assim como outro estilos da música eletrônica influenciam outro gêneros, com o glitch não foi diferente. Suas caracterísitcas foram utilizados por artistas, como de outros subgêneros do eletrônico, mais redondo por assim dizer, como é o caso do The Glitch Mob, do Trip Hop, suavizando e trazendo para o Downtempo, como faz Frank Bretschneider – que também atende pelo codinome Komet, e inclusive no Hip Hop (onde ganha o nome de Glitch-Hop), como ediT.
Mesmo sendo um estilo que não tenha alcançado o patamar do mainstream – salvo exceções como o show de Alva Noto no Sónar 2012 em São Paulo – a Glitch Music, e suas variáveis, é a mais um exemplo de estilo musical que tem suas características peculiares e dingas de serem dadas a atenção, principalmente para o apreciadores da arte torta.
Discografia:
Alva Noto – Transform
Ryoji Ikeda – Test Pattern
Frank Bretschneider – rythm
Vladislav Delay – Kuopio
Tim Hecker – Ravedeath 1972
The Glitch Mob – Drink The Sea
ediT – Silence of the Night