Revival Real: Bandas dos Anos 90 que Ressucitaram

Acompanhe a trajetória de algumas bandas que retornam justamente no momento do revival favorável à seu estilo

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Você já percebeu como o universo anda em círculos? De tempos em tempos, costumes e tendências voltam ao nosso imaginário, e, anos depois de terem nascido e permanecer no esquecimento reaparecem e voltam a fazer parte de nossas vidas, até que seu momento passe mais uma vez. No campo das artes isso é particularmente notável e fácil de perceber. Temos no universo da moda já esse preceito como um jargão estabelecido: ela anda em círculos. Na música, essa tendência ultrapassa os estilos e reaparece no gosto pelos rituais de décadas passadas: é claro no reaparecimento da fita cassete e na consagração da volta do vinil como formato de álbum favorito entre os amantes da música. Mas, vamos voltar um pouco: não só os hábitos e modas dos períodos passados tendem a retornar, mas, antes disso, também os estilos musicais consagrados no passado. É claro, nunca voltam puros do modo como já foram, isso seria descenessário, além de impossível na prática. Conforme adentramos a década de 10 do novo milênio, estamos superando a nostalgia dos anos 80 e as tendências dos 90 vêm ganhando muita força. Esse fenômeno é constantemente chamado de revival. Mas, nem sempre temos um fenômeno como o que está acontecendo agora: bandas indies que foram consagradas estão, digamos assim, ressucitando de fato, após muitos anos de inatividade. Vamos dar uma olhada em algumas delas:

Dinosaur Jr.

Mantendo a essência que os faz continuar sob o mesmo projeto, embora devidamente adaptados aos novos tempos, Dinosaur Jr. continua sob um égide de características paradoxalmente interessantes: empolgante e nostálgico, maduro e cheio de vitalidade (a figura de seu fundador Joseph Mascis, andando de skate com seus longos cabelos brancos não poderia ser mais emblemática). O projeto voltou com material inédito no ano de 2007, depois de dez de recesso. Aliás, como diria Galassi em sua resenha do último álbum, de 2012, Dinosaur Jr. não poderia soar como um nome melhor

Sebadoh

Vivendo uma eterna relação de amizade e rivalidade (que as vezes sai do tom saudável) com o colega J Mascis, fundador da Dinosaur Jr, Lou Barlow (após ser expulso da mesma) toca seu projeto chamado Sebadoh, que não poderia deixar de dar as caras após o retorno bem sucedido da banda correlata. Com um panorama sobre o histórico da banda publicado recentemente aqui no Monkeybuzz, Sebadoh volta após catorze anos de recesso com Defend Yourself e nos deixa a impressão que continua exatamente de onde tinha parado, como se acordasse de um período congelado, no qual ignora (no bom sentido) as transformações ocorridas com o passar do tempo. O grupo aposta na sonoridade que domina e mantém a sua fórmula de sucesso.

Pixies

Ressucitando de sua curta porém brilhante – e emblemática – carreira que, embora tenha findado em 1992, marcou o cenário da música Indie (ou, como era conhecido na época, Rock Alternativo) o Pixies volta esse ano com EP1, quatro músicas que já não contam mais com a participação da co-autora principal do grupo, Kim Deal (que segue com seu projeto solo, além do Breeders). Dois clipes já foram lançados, o marco da volta deste grande grupo fica a cargo de primeiro deles, Bagboy:

Superchunk

Banda querida de círculos específicos no final do século passado, quando a comunicação mundial via internet não era tão eficiente assim (só tivemos o primeiro CD da banda por aqui no ano de 1995) o Superchunk nunca parou de produzir, de fato, e, diferentemente das outras bandas deste artigo, não tiveram um recesso anunciado. Mas, não lhes parece sintomático que justamente agora, com o cenário prolífero do jeito que anda, o grupo lance um dos grandes álbuns de sua história? Após o período de estiagem relativa que durou desde 2001, é neste ano que temos o lançamento do ótimo I Hate Music

Yuck (Bônus track)

Quando o Yuck apareceu em 2011 eu fiquei muito curioso. Ainda não estava claro (para mim) que o Indie Rock noventista estava retornando com tanta força, e a impressão que seu primeiro álbum homônimo causou foi ótima. Com o pé fincado propositalmente na sonoridade das bandas citadas anteriormente, além de Teenage Fanclub e Pavement, além das influências advindas do basilar Sonic Youth, embora soando sempre original, Yuck foi um dos grandes responsáveis pelo levantamento desta cena, graças ao grande mérito de adaptar sua sonoridade às características contemporâneas. A banda já passou por uma baixa, o vocalista Daniel Blumberg saiu do projeto neste ano e já está fora do segundo álbum, Glow & Behold, que sofre uma alteração na sonoridade, mas mantém sua essência propositalmente nostálgica.

O cenário, como vimos, está favorável, e é possível aproveitar o melhor do mundo dos revivals: além de acompanhar a roupagem contemporânea de sonoridades do passado, para os nostálgicos, é um ótimo presente, e, para quem não conhece, um excelente caminho de volta para investigar a história dos grupos.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte