Alt-J : Uma Banda do Nosso Tempo

Ingleses capturam a essência do mundo atual que vivemos e fazem um dos shows mais aguardados do festival

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28 de março | 3:55 – 4:55 | Palco Skol

Se você viveu em outro planeta nos últimos anos, talvez desconheça os ingleses do trio Alt-J, no entanto, uma audição atenta aos seus dois ótimos discos nos fazem ter uma simples conclusão: Trata-se de uma banda que faz sentido no século 21. Seu nome é um comando no Mac para o caractere ∆, enquanto seus métodos de construção musical estão de acordo com o meio globalizado e digital de Garage Band, Logic, Ableton e outras ferramentas de produção acessíveis a poucos cliques do computador.

Diversas referências sonoras e uma certa aleatoridade de influências certeiras fazem com que o produto final faça sentido. Alt-J, na verdade, pode ser considerada simplesmente uma banda de Rock Alternativo, ou o grupo com lugar cativo no Lollapalooza Brasil de promessas certeiras como Alabama Shakes, Disclosure e Skrillex foram nos anos anteriores do festival.

Desde de sua estreia, An Awesome Wave (2012), os ingleses vem se consolidando como não só uma promessa, mas uma realidade no cenário musical como um todo. Saíram do espectro Indie que os permeava para figurar em trilhas sonoras de comerciais (Nokia), filmes de Hollywood (O Lado Bom da Vida) e programas de televisão, inclusive brasileiros (Fantástico) e chegam a esta edição do Lollapalooza como um dos shows mais esperados.

Mesmo mais acessível e midático, o grupo nos faz aguardar ansiosamente a sua apresentação para finalmente entendermos como todas as suas influências sonoras se materializam ao vivo. Nos levam a crer também que este é também o show mais misterioso e messiânico do evento.

Isso se dá pela aura experimental e única que os ingleses vem construindo nos últimos anos. Em An Awesome Wave temos desde o Indie Rock construído a sua maneira suingada em Tesselate, Breezeblocks ou Something Good até faixas que poderiam figuarar em discos de yoga (Taro) ou Folk (Matilda). A constante vontade de criar algo único e característico os levaram para uma transformação quase religiosa no belíssimo e espiritual This Is All Yours, que tem algumas das linhas de vocais mais interessantes criadas nos últimos anos, além de ótimas baladas dançantes como Left Hand Free, Nara e a sensual Hunger of the Pine (com alguns cliques de mouse em sua introdução para não esquecermos da sua relação com o digital). Poucos concertos nos prometem tanta introspecção e concentração como o desta banda e isso é um dos grande dos seus diferenciais para sua apresentação.

Mas por que um produto congruente com nosso tempo? O número gigantesco de referências que recebemos através da Internet e de outros meios de comunicação nos faz entrar em um turbilhão de estilos musicais e artísticos, chegando a ser dificil nos caracterizarmos como amantes de somente um gênero musical. Se antes existiam os roqueiros, os rappers e os clubbers, hoje em dia isso é uma coisa só para quem ama arte: música.

Donos de uma sonoridade única (seja pelos trabalhos de voz de Joe Newman e Augustus Niso – característicos e peculiares logo em uma primeira audição), pelas influências do Hip Hop nas batidas de grande parte de suas músicas e samples usados, por criarem de forma inteligente melodias que nos constam histórias abstratas através de todos os seus instrumentos ou por simplesmente conseguirem materializar todas as suas influências em um som próprio, os músicos que compõem Alt-J prometem um encontro irrestível com a música feita no século 21.

Plural e de díficil caracterização, experimental ou extremamente autoral, estamos prontos para entender em breve uma banda que representa o mundo atual em seu “Rock Alternativo”.

Lolla

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ARTISTA: Alt-J

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.