Ouça: Gabriel Garzón-Montano

Por telefone, músico norte-americano comenta seu novo álbum, “Jardín”

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Philip Glass, Lenny Kravitz, Drake, Mayer Hawthorne e Glass Animals – se uma fileira de nomes dessa não significa muita coisa além de uma playlist bem esquisita, para Gabriel Garzón-Montano são artistas que, direta ou indiretamente, contribuíram para que o som do músico chegasse aos nossos ouvidos hoje. Pode ter cereza, “variedade” é uma palavra-chave para entender seu trabalho.

Nascido no culturalmente fértil Brooklyn (EUA), filho de uma colombiana com um francês, Gabriel foi educado musicalmente pela mãe, uma das musicistas que acompanhavam o renomado Glass. “Muito do que eu faço vem do fato de ter uma mãe que fala cinco línguas, que sempre trouxe música para casa e nos fez viajar muito”, contou ele ao Monkeybuzz por telefone. “Minha música é uma combinação das minhas coisas favoritas e também das minhas experiências”, explica ele, “e chamei o disco de Jardín porque um jardim é rico em variedade e em cores, e é assim que eu vejo meu som, e também porque a palavra é a mesma em espanhol e em francês, o que tem tudo a ver com minha criação”.

Logo que lançou seu primeiro EP, Bishouné: Alma del Huila (2014), ele foi chamado pelo roqueiro Lenny Kravitz para dirigir os bastidores de seus shows em uma turnê europeia. Foi durante esse período que Drake decidiu samplear uma de suas músicas (6 8) na faixa Jungle (de If You’re Reading This It’s Too Late), o que impulsionou de uma vez sua carreira, garantindo shows ao lado de Mayer Hawthorne e Glass Animals, além de um contrato com o selo Stones Throw.

A diversidade em sua obra expande-se ainda para o fato do artista tocar vários instrumentos, e mesmo suas letras parecem confundir sentidos – há gostos, cores e texturas naquilo que ele canta. “Para mim, a música serve para superar as dificuldades da vida”, explica ele, “e a vida tem muitos elementos diferentes, muitas cores”, o que contribui para sua poesia ser melhor percebida. No mesmo espírito, ele prefere que seus clipes sejam mais visuais (“como pinturas ou esculturas que se mexem”) ao invés de narrativas com uma história bem definida.

Apontado por muitos como um dos talentos para ficarmos de olho daqui para frente, Gabriel Garzón-Montano conquista por fazer um som autoral basatnte livre, de produção excelente e essencialmente Pop, ainda que calcado nas referências de um R&B bastante contemporâneo e do tal caldeirão cultural que o cerca.

E ele diz ainda que o Brasil está em sua mira para shows. “Talvez no segundo semestre”, comenta ele, “se dependesse de mim, eu já teria ido”. Ex-praticante de capoeira, ele deixa seu recado para os brasileiros, um “a gente se fala” em português no fim do telefonema. Quando Gabriel vier, ele encontrará um público que possui em sua natureza a mesma diversidade com que ele trabalha e busca em sua arte.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.