Resenhas

Bear in Heaven – Time Is Over One Day Old

Novo disco abraça todas as influências do grupo e traz visão moderna do Rock Psicodélico

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Ano: 2014
Selo: Dead Oceans
# Faixas: 10
Estilos: Rock Psicodélico, Synthpop
Duração: 43:00
Nota: 3.5
Produção: Jon Philpot

Todas as influências de Bear in Heaven parecem conspirar para que seu novo disco seja um de seus melhores. Time Is Over One Day Old é um de seus trabalhos mais acessíveis logo de cara, no entanto a sua exploração nos traz facetas modernas ao grupo do Brooklyn e dificilmente vai desagradar quem gosta de Rock Psicodélico e elementos eletrônicos.

Do começo ao fim, o quarto disco da carreira da banda é uma viagem que explora como o gênero eternizado na década de 1960 pode ser revisto atualmente de uma forma distinta. Se antes a mistura entre psicodelia e Krautrock ( estilo de música alemão que misturava Rock e os primordios da música eletrônica), hoje em dia isso é possível e acessível e desta forma o Bear In Heaven vem nos provendo com pílulas lisérgicas – um som que sempre vislumbra o futuro.

No entanto, se o Rock Psicodélico se tornou popular recentemente com o alcance global de Tame Impala, tal influência aparece em momentos como a excelente The Sun And The Moon And The Stars, que foge dos sintetizadores diretos para ganhar espaço com uma guitarra lunática que leva o ouvinte para um local distante. Temos sensualidade e direção ao Funk em If I Were To Lie, mostrando que Wild Beasts tem um contraponto ao seu ótimo e melancólico Present Tense.

Nas épicas They Dream e You Don’t Need the World, podemos constatar a sua evolução em direção a apresentações grandiosas, momentos em que o som poderá se propagar de forma crescente. A primeira é intensa e, antes de explodir entra em um vórtice que puxa o ouvinte ao solo, a psicodelia é tanta que a subjetividade da faixa permite cada um interpretá-la à sua maneira – é um sonho, ilusão ou trilha-sonora de um filme de ficção? A segunda encerra o disco de forma niilisita, nada é necessário além dos elementos soprepostos para criar a grande balada do disco e o seu momento mais direto: dificilmente não contagia qualquer um que a escute.

Se a subjetividade parece coincidir com a maioria dos momentos de Time Is Over One Day Old, dizemos que este não é o seu disco mais acessível por um bom motivo: estamos diante de um de seus momentos mais experimentais e modernos e ainda que fácil de ser ouvido. Não é simples entender cada faixa do disco, mas a sua recompensa é certeira – como Demons, música sintética crescente e muito bem produzida que traz ainda mais barulho à voz e ao sintetizador de John Philpot. No entanto, se o instrumento eletrônico é o coração, quem conduz o grupo é o baterista Joe Stickney – a cola que o instrumentista coloca em cada canção une todos os elementos através de seu groove viciante em um dos grande discos de Rock contempôraneo do ano.

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BOM PARA QUEM OUVE: Temples, MGMT, Wild Beasts

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.