Resenhas

Kiasmos – Kiasmos

Disco excede expectativas e traz som Eletrônico mínimo, mas cinematográfico

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Ano: 2014
Selo: Erased Tapes Records
# Faixas: 8
Estilos: Minimal Techno, Ambient Techno
Duração: 50:52
Nota: 3.5
Produção: Kiasmos

Se no fim do ano passado em nossa seção Ouça havíamos noticiado a relevância de escutar o projeto de Ólafur Arnalds e Janus Rasmussen, Kiasmos, agora em sua estreía no selo Erased Tapes, chega a ser difícil resistir ao impulso de indicá-lo aos nossos leitores novamente. Entre a música ambiente e o minimalismo, ambos com o Techno em mente, o duo nos traz ao longo de um disco longo e cíclico uma experiência fortificamente e serena.

Construído sobre texturas tênues, rígidas e progessivas entre cada loop bem escolhido, Kiasmos é um convite ao deleite e ao relaxamento. Parece ser comum se perder entre faixas como Looped, preparada para explodir de forma mais contidada – não existem drops de batida, só entradas virtuosas de percussões crescentes ou sintetizadores. O duo não quer ganhá-lo pelo volume ou ruído, mas somente pela paz que lhe é proporcionada através da música.

Mesmo não sendo tão original assim – podemos ver claramente similaridades com artistas como Jon Hopkins e mais notoriamente Bonobo -, a música cativa e está de certa forma inserida em seu atual contesto. Enquanto o Dubstep comercial chegou ao limite de barulho para o ouvido humano, outro movimento parece tomar forma com menos batidas por minuto, mais minimalismo e instrospecção. Algo que curiosamente foi comum também nos anos 1990 e que ganha força na atualidade não só na Música Eletrônica (vide a volta de Aphex Twin) como também no Hip Hop, e Rock.

Entretanto, se inspiração não necessariamente implica em qualidade, o duo islandês excede as expectativas por justamente contar com Ólafur, músico formado na escola clássica e que torna samples em composições verdadeiras e épicas, como Thrown com seus arrepiantes violinos e seus quase nove minutos incansáveis, a linda Dragged, com seu piano menos ortodoxo, ou a abertura Lit, que procura trazer um toque mais moderno a composições que parecem feitas para trilha-sonoras. Aliás, trabalhos contemporâneos de cinema feitos por Hans Zimmer, como A Origem, a trilogia Batman e 12 Anos de Escravidão, são bastante lembrados quando escutamos Kiasmos por justamente este ser somente instrumental.

Chega a ser difícil desassociar imagens ao que sentimos através do disco. No entanto, o simples ato de fechar os olhos pode levar também o convite à imaginação e à viagem estática, logo, em qualquer situação, o duo entrega o conteúdo essencial para que o ouvinte possa incorporar a experiência à sua maneira. Nos parece o remédio adequado para um período conturbado de opinões e extremismos que vivenciamos, criado através de uma música propícia para acalmar qualquer lado.

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BOM PARA QUEM OUVE: Jon Hopkins, Bonobo, Four Tet
ARTISTA: Kiasmos

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.