Resenhas

Alt-J (∆) – An Awesome Wave

Existe uma grande dificuldade em classificar o som do quarteto inglês, tamanha a fusão de estilos e influências que a banda traz, e mostra o porquê de toda a hype que conseguiu com um dos melhores debuts do ano

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Ano: 2012
Selo: Infectious
# Faixas: 13
Estilos: Eletrônica, Indie Pop, Trip-Hop
Duração: 40:30
Nota: 4.0

A Alt-J (∆) surgiu com alguns singles que mostravam um som difícil de classificar, porém facilmente assimilável, algo a que se consegue conectar facilmente. A partir disso, a banda inglesa virou uma das grandes promessas para 2012, a hype alcançada por esse som “esquisito” foi tão grande que, mesmo antes de seu lançamento, An Awesome Wave já era apontado como o disco do verão. De fato, é difícil conseguir colocar o som do quarteto em alguma prateleira mercadológica, já que cada música aponta para um lado trazendo diferentes elementos e influências. O grande mérito da banda é conseguir organizar essa bagunça, criar um som inventivo e, mesmo que se aproprie de muita coisa, ser original.

A mistura de tantos elementos em sua música acaba soando tão orgânica que, ao decorrer do disco, se notam pitadas de Rock Alternativo, Indie Pop, Eletrônico e Trip-Hop coexistindo pacificamente, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. O disco trabalha muito bem com várias ideias, gêneros e influências que, por mais que pareçam dissonantes, se moldam em algo completamente novo. A banda ousa não só em suas composições e arranjos, mas também nas letras igualmente ambiciosas, abordando diversos temas com grande sagacidade.

A vertente nerd do grupo fica evidente por seu nome, pois Alt + J é o atalho usado no Mac para criar a forma de um triângulo – forma geométrica também citada na faixa Tessellate. Além disso, a fusão de diversos elementos, o gosto por experimentar tudo e absorver qualquer sonoridade musicável mostram um pouco dessa busca pelo conhecimento.

O disco passa por diversos momentos, explorando as mais variadas sensações e estímulos, como na faixa de abertura Intro, que começa em um leve clima, com um piano simples, que é quebrado pela entrada das guitarras e percussão. A música ganha ainda mais força quando as batidas de R&B entram e acompanham o vocal calmo e elástico de Joe Newman. Os interlúdios também marcam momentos interessantes dento do álbum. O primeiro deles é feito a capella e com harmonias vocais bem interessantes e parece se comunicar com a próxima música, quase que criando o clima perfeito para a já citada Tessallete.

A eufórica Breezeblocks traz uma estranha letra de amor que mostra a inventividade da banda a tratar de assuntos comuns. Something Good pode render comparações com a sonoridade típica da nova fase do Radiohead, misturando bem elementos eletrônicos com os instrumentos convencionais do Rock, enquanto MS apresenta mais uma mudança, com singelos xilofones que abrem a música e lentamente se rendem às vozes que tomam conta da faixa por alguns instantes, enquanto as guitarras cantarolantes fazem o resto do serviço complementando a sonoridade.

Caminhando para o fim do disco, nos deparamos com uma das mais belas composições do grupo, Bloodflood, com uma belíssima interpretação de Newman nos vocais em uma música que tem um clima etéreo construído pela instrumentação simples e calma. Taro fecha o álbum como uma espécie de despedida chorosa criada pelos falsetes do vocalista. O clima ameno marca o fim de An Awesome Wave, encerrando também a dobradinha que fecha o disco e cria um momento singular no qual duas músicas conseguem se conectar apesar de seguirem rumos bem diferentes.

Não posso dizer que o álbum soa Pop, por que a banda foge de quase todos os padrões radiofônicos, mas consegue soar amigável aos ouvidos de muitos mesmo assim. A falta de barreiras quanto a estilos só fez a obra crescer e se expandir para lugares nada comuns, em um espírito aventureiro que faz este trabalho do Alt-J (∆) uma das melhores estreias do ano.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts