Uma tarefa recorrente – mesmo que inconscientemente – aqui no Monkeybuzz é tentar definir música contemporânea. Não será o objetivo desta vez, mas acho interessante destacar, antes de partir para a resenha, o quanto esse som Pop, mas não convencional, feito por Febueder – e principalmente bem demonstrado no EP Lilac Lane – dificilmente seria feito em outra época.
Há uma tentativa facilmente identificável de experimentação aqui, estes garotos estão, de uma forma ou de outra, pensando fora da caixinha comumente conhecida como música Pop. Mas, não por isso, a audição te tira da zona de conforto. É curioso, pois o baixo está ali com um destaque maior do que o normal, alguns instrumentos de sopro, percussão, suspiros e risos são inseridos em momentos pouco esperados, a produção é muito crua e o vocal é esquisito, mas, mesmo assim, o groove ao fundo é o que dita o ritmo do trabalho, deixando tudo perfeitamente confortável.
Essa mistura vem da possibilidade atual de jovens de uma pequena cidade inglesa conseguirem pescar das mais diversas referências da história da música mundial e misturar isto de sua forma bem particular e perfeitamente Pop. Os singles Owing e Brazilia estão perfeitamente no limite entre um som que é diferente o bastante para chamar nossa atenção, mas familiar o suficiente pra curtirmos sem esforço.
Com cinco músicas bem amarradas – de fato, todas são interligadas e ouvir os 17 minutos de EP numa tacada só é bastante prazeroso -, Lilac Lane continua a piração cheia de personalidade que foi vista no EP Soap Carv e que rendeu comparações com nomes bastante criativos da música contemporânea – não deixe de checar o “Bom Para Quem Ouve” ao final do texto -, mas vai mais adiante dando mais personalidade e unidade ao EP de uma banda que quando estiver no lugar certo e na hora certa irá despontar com grandes méritos.
