Angelo De Augustine nos deixa em uma posição mais delicada do que sua música quando precisamos falar sobre Spirals Of Silence. Se, por um lado, seu som nos remete imediatamente a grandes nomes que habitam um universo próximo ao seu, seja pela voz delicada Elliott Smith, pelo violão de Nick Drake ou pela aura lo-fi de José González, por outro, não parece justo confiná-lo a comparações, uma vez que sua sensibilidade é tão única se manifesta de um jeito tão particular.
A estreia do músico americano de apenas 22 anos realmente impressiona e seu álbum dá conta da promessa que foram suas faixas lançadas com antecendência. Old Hope, You Open to the Idea e How Past Begins não eram excessões e estão muito bem amparadas pelas outras faixas. Sua voz sussurrada que faz uso dos falsetes na medida certa e seu violão dedilhado são capazes de nos transportar imediamente para um estado de espírito contemplativo.
As faixas dão conta de desvendar o espírito de Augustine e mostram que ele compõe com sinceridade. Sua relação com o passado (How Past Begins) e o tema recorrente das relações familiares entre “pai” (Clay Dad) e “mãe” (Married Mother) são típicas de sua idade, que recém ultrapassou os vinte anos. O espírito lo-fi do álbum gravado dentro de seu próprio quarto, digno de entrar para nossa lista de “registros demo”, denota certa introversão (Tucked in at Home), o que, por sua vez, justifica sua melancolia e sua relação com o silêncio (dado o título do álbum).
As onze faixas que somam pouco mais de meia hora compõe uma experiência delicada e emotiva, bastante tranquila, que vai fazer os fãs do gênero “voz e violão” muito felizes. Falo por experiência própria, já está na minha lista de favoritos.