Resenhas

Séculos Apaixonados – Roupa Linda, Figura Fantasmagórica

Supergrupo carioca aponta um caminho original, mesmo apoiando-se no passado

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Ano: 2014
Selo: Balaclava Records
# Faixas: 8
Estilos: AOR, Synth Pop, Lo-Fi
Nota: 4.0
SoundCloud: /tracks/150433635

Uma música totalmente retrô e sofisticada, mas cujas letras, produção e voz esquisitona dão a ironia (ou dramaticidade, como colocado por Gabriel Guerra em entrevista) que faltava para esta ser uma obra de seu tempo.

Acho curioso ouvir de muita gente que Séculos Apaixonados faz música Pop Romântica. Sim, segundo meus parâmetros – e provavelmente de todo mundo que fala -, é isso que a banda faz, mas Roupa Linda, Figura Fantasmagórica não é um álbum acessível como tal descrição leva a pensar. Pro ouvinte destreinado haverá um choque inicial, efeito importante para que uma chavinha de absorção musical seja ligada aos poucos dentro do receptor para que este entre num estado de maior sintonia com a música da banda. Não é um disco cabeçudo, mas é preciso formatar-se musicalmente e limpar muitas referências prévias dentro de si mesmo para então conseguir apreciá-los como a banda de música popular que são.

Mas tal desafio fica em segundo plano, pois se em seu conceito o projeto é pouco palpável, a execução é brilhante e demonstra todo o talento e criatividade dos envolvidos para simplesmente escrever boas canções. É de uma sensibilidade Pop rara e que derruba qualquer barreira entre o público e seu som. É um disco delicioso que se pudesse ser traduzindo em imagens, seria como sonhar estar entrando de penetra numa festa de Jay Gatsby e viver um amor proibido com uma das convidadas sob efeito de drogas.

É um som sensual, esnobe, excêntrico e debochado, mas da forma mais autêntica possível. Fazendo um paralelo entre todos os projetos aos quais pertencem os membros da banda, é fácil traçar um caminho até o supergrupo, tendo Dorgas, ex-grupo de Gabriel Guerra como principal fio condutor estético, mas amadurecendo com a presença e experiência de Lucas de Paiva, Felipe Vellozo, Arthur Braganti e João Pessanha, tornando-se um projeto extremamente mais ambicioso e seguro de sua proposta.

Séculos Apaixonados tem um frescor raro, mesmo nas boas bandas brasileiras contemporâneas. Desde o primeiro play na primeira música, a sensação é de quer muito acompanhar de perto a banda, assisti-la ao vivo, vê-la dissecar este material o máximo possível com clipes, versões, remixes e torcer pra que consigam influenciar outros nomes a escolherem com mais frequência o caminho menos óbvio e mais viajado da música, sem que isso resulte em canções menos viciantes.

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BOM PARA QUEM OUVE: Ariel Pink, Holger, Destroyer
MARCADORES: Aor, Lo-Fi, Ouça, Synthpop

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.