Resenhas

A$AP Ferg – Ferg Forever

Boa, porém longa, mixtape coloca rapper mais perto do Hip Hop, mas com o Trap como fio condutor

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Ano: 2014
Selo: ASAP Worldwide, Polo Grounds Music, RCA Records
# Faixas: 19
Estilos: Hip Hop, Trap
Duração: 58:01
Nota: 3.0
Produção: Mike Will Made It, Clams Casino, Big K.R.I.T., Childish Major, Philo$ Cult, Crystal Caines, Black Jab, Veryrvre, DRAM, Corey Moor, The Fam, Stelios Phili, The Understudy

A$AP Ferg parece deslumbrado com a vida que está vivendo – longe de ter se imaginado como uma estrela, o jovem rapper viveu um ano de 2014 bastante frutífero. Seu disco lançado ao final do ano passado, Trap Lord, o colocou no mesmo patamar de uma estrela já consolidada, seu “tutor” A$AP Rocky e é basicamente isso que sentimos em sua primeira mixtape, Ferg Forever: deslumbramento.

Ele versa sobre a vez em que transou com cinco mulheres na simples Weaves, enquanto fala o nome errado do famoso festival norte-americano Bonaroo em Bonnoroo. Parece que ele não almejava isso e não se importa em muitas vezes se mostrar potente diante do inesperado, como os menáges à trois com brasileiras em Perfume ou fumar a melhor maconha do mundo em Jungle. De qualquer forma, ele está curtindo a vida adoidado em Ferg Forever – no entanto, tal liberdade acaba sendo um pouco prejudicial aqui.

Enquanto as letras são divertidas/interessantes por colocá-lo sempre em risco com a sua própria imagem, totalmente desprendida de si mesmo, algumas batidas e faixas não justificam quase uma hora de duração. Se enquanto o grave presente em Trap Lord, à espreita de qualquer movimento, colocava o ouvinte sempre em perigo antes de uma explosão sonora de um verdadeiro Trap Rap, agora, Ferg prefere seguir o caminho de um Hip Hop mais comum baseado no estilo do começo do século. Thug Cry é uma típica balada do gênero, enquanto MZ007 e a ótima rapper Crystal Caines, com um timbre de voz que lembra Missy Elliot, fazem Now um dos melhores momentos da mixtape.

Alguns são um pouco mais experimentais, como Dope Walk (com uma batida minimalista que poderia servir de aberturar para algum filme Velozes e Furiosos), enquanto Real Thing (com SZA) pode estar entre os momentos mais suingados de sua carreira. No entanto, podemos dizer que metade da mixtape é realmente relevante – Fergsomnia, com um dos versos mais interessantes em muitos anos de Twista, é o single que se pede em 2014 – perigoso, grave e com ótimas rimas -, enquanto Reloaded Let It Go 2, com M.I.A e Crystal Caines, é o Trap que esperávamos do “lorde”.

A conclusão é que, se 2014 foi frutífero para A$AP Ferg, ele precisou expor seu sentimento de deslumbramento quase pueril em Ferg Forever. Alguns momentos valem a pena, outros só são divertidas histórias, enquanto outra metade não chama tanto a nossa atenção quanto a sua estreia. No entanto, continua deixando-o em evidência e mostrando que, dentro do Trap Rap, o rapper ainda é o que temos de melhor por aí.

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BOM PARA QUEM OUVE: Baauer, A$AP Rocky, M.I.A.
ARTISTA: A$AP Ferg
MARCADORES: Hip Hop, Trap

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.