Resenhas

BADBADNOTGOOD & Ghostface Killah – Sour Soul

No meio do caminho entre o melhor dos dois projetos, parceria ainda assim produz álbum interessante

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Ano: 2015
Selo: Lex Records
# Faixas: 12
Estilos: Rap, Hip Hop, Jazz
Duração: 32:56
Nota: 3.5
Produção: BadBadNotGood, Frank Dukes

A parceria que assumiu ares inequivocadamente promissores em Sour Soul parece se encontrar, agora concretizada, no meio do caminho entre o melhor dos dois projetos envolvidos. Para o álbum, de um lado temos o rapper Ghostface Killah, o proeminente membro do super grupo Wu-Tang Clan, que ataca com seu conhecido storytelling afiado. De outro, os jovens BADBADNOTGOOD, preenchem a aura do disco com seu Jazz instrumental.

A impressão que se tem é que, para que Sour Soul mantivesse um aspecto de parceria democrática, e não fosse apenas o projeto solo de um rapper com banda de apoio, ambas as partes tiveram que ceder um pouco de espaço e, consequentemente, de criatividade. A participação de Killah, o propositor do álbum, é modesta, participando de apenas nove faixas num trabalho de apenas 33 minutos. Além disso, suas letras, que tentam misturar temas mal-encarados do Gangsta Rap com a cultura Pop (Terry Crews e as conhecidas metáforas com Tony Stark e seu Homem de Ferro entre elas) não parecem estar entre as mais afiadas (ou, pelo menos, entre as melhores que o músico já provou que é capaz de conceber).

No que diz respeito a BBNG, o grupo de afasta da atmosfera sombria de seus primeiros trabalhos (assim como do clima que criaram em suas parcerias pontuais com o coletivo Odd Future, e também dos picos catárticos de suas composicões mais recentes, como vimos em III. De qualquer modo, o clima de um Jazz Funk, que tanto serviu bem ao Hip Hop em meados da decada de 70 aparece emulado aqui, com muito bom gosto.

Ao cabo, nos parece que o principal defeito de Sour Soul é a nossa própria expectativa. Afinal, ambos os nomes envolvidos já foram, com justiça e efeito, destaques entre os nomes do universo Hip Hop, cada um à seu modo. Vale apreciar o trabalho com parcimômia e, assim, perceber que Sour Soul não deixa nada a desejar.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte