Resenhas

Wander Wildner – Existe Alguém Aí?

Disco cheio de saudosismo marca o retorno do músico ao Rock

Loading

Ano: 2015
Selo: Fora da Lei
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Indie Rock, Rock
Duração: 49:47
Nota: 2.5
Produção: Wander Wildner

Para seu oitavo álbum, Wander Wildner decidiu voltar às suas raízes roqueiras para entregar um trabalho baseado em guitarras e em referências pra lá de conhecidas. São dez faixas um tanto longas para satisfazerem a vontade do músico de cercar-se de Rock e matar a sede de quem quer um disco com músicas mais à moda antiga. Ao tentar enxergar esse público, contudo, também me surge a pergunta: Existe Alguém Aí?.

Wildner chegou em um ponto da carreira em que não precisa mais provar nada a ninguém, o que é ótimo para ele como artista, já que o status lhe confere a liberdade de criar aquilo que quiser com sua música. Além dessa moral, suas constantes mudanças de estilo (do Brega ao Folk) fazem com que o teor do Rock ouvido aqui não choque o ouvinte, por mais que ele tenha chegado ao álbum com outra expectativa. Nada disso, porém, garante que a obra seja interessante.

O maior mérito do disco, ao meu ver, é que ele não vem com cara de ser um exercício de formato – a predileção pelo Rock surge de maneira aparentemente orgânica, ou seja, ele tem um espírito livre de decisões que foram tomadas mais pelo gosto do que pela tentativa de uma sonoridade específica (ouça Uma Angústia Presa na Garganta e entenderá). Ainda assim, ele tem grandes chances de se tornar objeto de entediantes discussões sobre quais as referências de quais décadas podem ser encontradas nesse som. E é aí que Existe Alguém aí traz também seu pior defeito: Ele carece de personalidade.

A estética já conhecida de Wander aparece em versos como “Com você, eu viveria em uma ilha deserta, numa ilha qualquer” (Numa Ilha Qualquer), mas seu estilo próprio nem sempre consegue segurar as pontas em meio a timbres, melodias e estruturas tão familiares para qualquer um que esteja atento ao Rock das últimas décadas, seja ele do Rio Grande do Sul ou para além do Atlântico. A última faixa vem como um pós-clímax agradável ao retomar as melhores características do músico de uma vez. Seu nome? Saudade.

E parece ser esse o fator que reunirá ouvintes em torno do álbum: A necessidade de contato com um som feito há três, talvez quatro, décadas. A produção do próprio Wildner é caprichada e seu talento, indiscutível. Fica a sensação, porém, que estas músicas ficarão ótimas ao vivo, mas formam um disco cansativo e com pouco carisma – ao contrário de grande parte de sua obra.

Loading

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.