É fácil se encantar e ao mesmo tempo se desinteressar por Waterstrider, banda da Califórnia que acaba de lançar seu primeiro disco, Nowhere Now. Com apelo quase universal e vocais melódicos com muito toques Pop, a obra parece uma série de baladas feitas para serem escolhidas por produtores de filmes ou seriados, tamanha a sua aceitação. As referências partem desde a música Eletrônica (nas batidas), Math Rock, Indie Rock e até o Afrobeat. Essa colcha de retalhos musicais teria bastante coesão se não fosse a sua estrutura bastante similar.
Não temos muita organização além dos velhos métodos de introdução-verso-refrão-verso ad infinitum, por isso que o desinteresse acaba surgindo logo na primeira faixa, a ótima e enjoativa White Light. Sua guitarra suingada com levada percussiva semelhante a Alt-J parece ser a combinação certeira junto ao refrão que diz o amor é a solução. No entanto, em seus quase cinco minutos de duração, a fórmula se repete à exaustão, deixando bem claro que o seu apelo Pop é o que conduz tudo aqui e que isso se repetirá ao longo do disco.
O problema em si não é o estilo, mas a sua apropriação dele como algo banal e batido. A produção de faixas boas como Redwood ou Passing Ships se torna menos impressionante, pois duas audições as tornam repetitivas e enjoativas, perdendo todo o encanto inicial. Isso é mesmo uma pena, pois é um problema de estrutura, não de conceito. Waterstrider tem potencial para se tornar uma banda de aceitação universal devido às suas belas melodias e seu aspecto adocicado.
Felizmente, em alguns momentos, temos pouco desse loop repetitivo e faixas como Just a Taste, Zomoskepsis ou New Sun mostram que a banda pode ser sim inventiva e interessante. Por enquanto, como estreia, Nowhere Now terá vários apreciadores momentâneos que, ao retornarem ao disco, devem naturalmente perder o encanto. No entanto, o apanhado de referências e o gosto pelo Pop e a música acessível, demonstram claramente que o grupo tem futuro e só precisa encarar as suas diretrizes de audiência de forma menos banal, pois música é mais do que repetição.