Resenhas

Wolf Alice – My Love Is Cool

Disco de estreia esbarra em nostalgia mal construída

Loading

Ano: 2015
Selo: Dirty Hit
# Faixas: 12
Estilos: Noise Rock, Shoegaze, Rock Alternativo
Duração: 49:23
Nota: 2.5
Produção: Mike Crossey
Itunes: https://itunes.apple.com/br/album/my-love-is-cool/id975285954

Referências são ótimos pontos de vista quando se deve analisar um disco. O cenário musical em que determinado artista está inserido pode dizer muito sobre a maneira como sua obra é disposta, bem como servir de exemplo para entender que caminhos aquele gênero específico está tomando ao passar do tempo. Essa metodologia pode ser aplicada à década mais homenageada e saudada dos últimos dois anos: os anos 1990. Vários estilos desse período estão sendo, não só revitalizados, mas reestruturados com novas misturas e perspectivas. Na verdade, esse é o verdadeiro propósito das referências: servir como uma base para construir novos sentidos e significados. Infelizmente, alguns artistas parecem não entender isso direito e a nostalgia exata toma posse de sua sonoridade. Wolf Alice faz parte disso.

My Love Is Cool, álbum de estreia do grupo é, em geral, um elogio ao Noise Rock dos anos 90, com um aspecto melódico mais ou menos parecido com o que vimos ser despertado na discografia de Speedy Ortiz acrescido de um leve Pop. O grande problema é que aqui as coisas não parecem ir além do quadrado imposto pela década referida. Ou pior: até existe um grau de inovação a partir da tal base, mas, se ela existe, é extremamente carente de uma originalidade que destaque o grupo em meio a tantos outros. A nostalgia é a carta principal e isso depende muito da vontade do ouvinte de escutar um gênero específico e não procurar uma razão específica para escutar Wolf Alice.

Há momentos em que as referências a ícones do Noise chegam a agradar, como em Your Loves Whore, Fluffy e You’re A Germ. Mas há composições que tentam inovar misturando com um Post-Rock fazendo com que a referência aos anos 90 até mesmo suma, como em Silk e Soapy Waver, uma espécie de cover de Lana Del Rey. Não é uma questão de saber que gênero deve ser misturado com qual (até por que isso não existe: a mistura é livre). O problema é a falta de homogeneidade que não só nos desorienta, mas nos frustra por termos expectativas que não são totalmente satisfeitas. No final das contas, é mais um trabalho para ouvir e dizer “pô…legal”. E pronto.

Com uma estreia morna, Wolf Alice fica longe de produzir algo notável. Necessitando muito de um tipo muito específico de ouvinte, a banda se apaga em meio a uma nostalgia mal produzida mas não nos deixa desprovidos de esperança de que isso se conserte no futuro. Veremos.

Loading

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique