Resenhas

Ducktails – St. Catherine

Quinto disco de Matt Modanile acrescenta dose extra de Psicodelia a sonoridades conhecidas

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Ano: 2015
Selo: Domino Records
# Faixas: 2015
Estilos: Surf Rock, Indie Rock, Psicodelia
Duração: 38:00
Nota: 3.5
Produção: Rob Schnapf

Brisas fazem parte da carreira de Matt Mondanile. Nascido em Massachusetts, estado que toca o mar, o músico tem uma carreira consolidada de projetos norteados por um estado mais relaxado e suave de espírito, dentre os quais temos Real Estate, um quinteto que chamava a atenção por usar vários acordes abertos, bastante delay e melodias bastante etéreas e aconchegantes. Sua outra banda, Ducktails, também desfrutava da mesma qualidade, um fato que poderia denunciar uma falta de criatividade de Matt, ao explorar a mesma estética e sonoridade em diversos projetos, mas que mostrou-se felizmente preocupado em experimentar uma sonoridade diferente. Com interessantes álbuns, como The Flower Lane, a banda chega a seu quinto disco e as coisas não podiam ser mais otimistas.

St. Catherine mostra como a mente de Matt é reinventiva, porém não se esquece tão fácil de referências passadas. Algumas faixas aqui lembram bastante as temáticas suaves e aéreas de seus antigos registros. Reprise lembra ares mais Lo-Fi da época de Ducktails III: Arcade Dynamics, com baterias pré-programadas e vários sintetizadores macabros. Headbanging In The Mirror, por outro lado, renega o obscurantismo e relembra bastante Real Estate, mas com reverbs que até podem atrair fãs de Shoegaze. Ou mesmo pode haver uma junção de diferentes fases da carreira de Matt, como na faixa que dá nome ao disco. Dessa forma, o compositor não se distancia muito de sua zona de conforto, porém tenta chamar atenção de outras formas, dentre as quais a que mais nos salta aos ouvidos é a Psicodelia ampliada.

Essa escolha por temperar seu já conhecido som com um toque de psicodelia advém de vários fatores. Matt se preocupa mais com a harmonia geral da banda e arrisca com efeitos cada vez mais hipnotizantes, como Into The Sky e seu phaser dilacerante e Krumme Lanke e seus bens construídos delays. Além disso, ele arrisca experimentando timbres dentro do campo Lo-Fi, o que evoca diversos sentimentos e contribui para que realmente nos sintamos imersos dentro de suas composições. Outro efeito que o músico se preocupa bastante em trabalhar são os reverbs que ora assumem uma postura mais coadjuvante como em Heaven’s Room, ora aparecem em primeiro plano (The Disney Afternoon) deixando seu ouvinte desnorteado e ainda mais dentro dos delírios criados por ele. Intecionalmente ou não, Matt acaba fazendo com que as músicas pareçam que estão sendo tocadas dentro de uma igreja, condizendo com a capa do disco e seu nome também.

Ducktails produz uma releitura de suas referências apimentadas com bastante lisergia. De fato, agrada aos entusiastas do projeto, mas pode ter dificuldades em instigar ouvintes mais recentes a permanecer de olho em futuros lançamentos. De qualquer forma, é um bom trabalho que demonstra o talento de Matt Mondaline, seja na composição, produção ou performance deste trabalho.

Um disco para se ouvir enquanto sonha e voa: leve e suave.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique