Resenhas

Beach House – Depression Cherry

Dupla volta com Dream Pop tão hipnótico e contemplativo quanto antes

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Ano: 2015
Selo: Sub Pop
# Faixas: 9
Estilos: Dream Pop
Duração: 43:25
Nota: 4.0
Produção: Beach House, Chris Coady

O tipo de sonoridade proposto por Beach House, que evoca um clima suave, no entanto melancólico, me faz muito pensar na linguagem criada pela cineasta Sofia Coppola. Em seus filmes (e não sou eu quem está dizendo), recorre uma situação que serve como materialização perfeita de sua narrativa: a personagem introspectiva que olha pela janela.

Digo isso não tanto porque Beach House, em geral, se assemelha bastante àquela trilha sonora de Air no filme Virgens Suicidas, mas principalmente por que a dupla formada por Victoria Legrand e Alex Scally parece, a todo momento, observar a vida partindo de um ponto de vista distante e seguro, no qual a intimidade e a tristeza se fundem.

E, portanto, digo isto não apenas pelo nome de seu projeto referir-se mais uma casa na praia do que uma praia em si, mas por conseguir transpor esse sentimento para todo álbum, e, numa dimensão mais microcósmica, para todas as faixas que fazem. Tendo isso em vista, não fica difícil entender porque um álbum com o nome de Depression Cherry evoca muito mais conforto e tranquilidade do que a angústia da tristeza.

Depression Cherry me parece – apesar dos esforços da dupla em voltar à simplicidade natural dos primórdios da banda -, continuar exatamente de onde Bloom parou. Mesmo com uma camada mais fina de reverb do que seu anterior, e, consequentemente, de não parecer tão nublado ou nostálgico quanto ele, Depression Cherry ainda ambiciona grandiosidades (veja, por exemplo, o coro encorpado que alimenta Days Of Candy, o gran finale deste trabalho).

Beach House se consagrou como um estandarte do Dream Pop não à toa. Ainda tão contemplativo e hipnótico quanto antes, Depression Cherry fala sobre a fluidez, a passagem do tempo, as possibilidades dinâmicas do futuro e da morte do passado, mas, acima de tudo, sobre o valor do presente. Mais importante de tudo, consegue incorporar musicalmente o sentimento que evoca desta dimensão de mundo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Air, Cocteau Twins, Grimes
ARTISTA: Beach House
MARCADORES: Dream Pop, Ouça

Autor:

é músico e escreve sobre arte