Resenhas

The Lighthouse and the Whaler – Mont Royal

Novo trabalho da banda americana une polidez Pop e eficiência

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Ano: 2015
Selo: Roll Call
# Faixas: 10
Estilos: Indie Pop, Folk Rock, Rock Alternativo
Duração: 43:09
Nota: 3.0
Produção: Marcus Paquin
SoundCloud: https://soundcloud.com/rollcallrecords/the-lighthouse-and-the-whaler-in-motion

The Lighthouse And The Whaler é um quarteto da cidade americana de Cleveland, Ohio, naquela região fria, perto dos Grandes Lagos, ali, quase no Canadá. Formado por Michael LoPresti, Matthew LoPresti, Mark Porostosky e Ryan Walker, a banda está lançando Mont Royal, este simpático novo trabalho – o terceiro – cumprindo um hiato de três anos após colocar nas prateleiras e playlists do mundo o bom This Is An Adventure. Se você gosta de bandas como Band Of Horses e aprecia a sonoridade atual de Mumford And Sons, é bem capaz de que as cançonetas dessa galera venham ganhar lugar de destaque no seu coração jovem e ansioso por novas aventuras.

A receita do grupo é bem simples e contemporânea, dentro do que entendemos o Rock: melodias ganchudas, vocais razoavelmente dramáticos, refrãos que explodem em algum ponto à frente da melodia gerando certa catarse de celulares acesos num estádio de médio porte e gente cantando junto alguma letra de amor não correspondido ou algo no gênero. O que poderia ser banal e desinteressante ganha boa produção de Marcus Paquin, que já pilotou estúdios para gente como Stars e Arcade Fire, representando bem a região hipster de Montreal, no Canadá, que dá nome ao próprio álbum e para qual a banda se mudou, buscando absorver algo da cena local, numa onda de “estamos celebrando a vida, gastando nosso dinheiro enquanto precisamos compor canções torturadas de amor não correspondido”. Esse espírito, que também poderia significar algo falso ou simulado nas composições do álbum, passa felizmente batido no meio dos bons instrumentais e na boa performance vocal de Michael LoPresti.

Com a boa canção de abertura, In Motion, o disco inicia uma trajetória sem percalços ou surpresas ao longo de dez temas singelos e inofensivos. Há toques de Synthpop e bateria com ritmo quebrado aqui e ali, vocais que vão galopando por planícies geladas controladas com zero risco e teclados pipocantes na retaguarda, trazendo um refrão cujo verso final é um aliaviado “I’m OK!”. I Want To Feel Alive, o primeiro single liberado pelo quarteto, parece com alguma composição de Coldplay, com bumbo marcando o ritmo e um torvelinho de teclados, guitarras e baixo, todos secundando a voz de LoPresti, aguardando pela chance de explodir em algum ponto adiante no caminho. In The Open traz climas e captura a atenção do ouvinte em meio a bom andamento de bateria e sutilezas, enquanto canções como Glory e We Are Infinite investem em derivações melódicas e tristonhas calcadas em teclados e sintetizadores. Ainda há espaço para algumas ressonâncias oitentistas em nuances contidas em Senses, Closer e na animadinha Under.

A centrífuga musical erguida por Paquin no estúdio e a própria capacidade de interação do grupo consegue fazer com que esses elementos – cordas, drama, baterias galopantes, solenidade vocal e certa afeição por paisagem glaciais-musicais soem bem integrados e jogando todos a favor das composições. LoPresti também tem boa mão para enxergar boas melodias e encaixá-las em arranjos que aliam modernidade e descoletagem para grande parte de um potencial público, que já foi cativado pelos dois trabalhos anteriores da banda, mas que não acha ruim alguma evolução sonora não tão ousada.

No fim das contas, Mont Royal é um bom disco de Indie Pop. Cumpre seu papel junto aos fãs, entrega bom produto e faz certo carinho auricular no ouvinte, provendo certos tons de folhas secas no chão em que ele pode imaginar-se pisando numa tarde fria. É pra esse tipo de coisa que música serve, certo?

The Lighthouse and the Whaler – I Want To Feel Alive

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.