Enquanto o artista canadense Tim Hecker não aparece com um lançamento composto de faixas inéditas, o selo Room 40 parece tentar acalmar os ânimos do público com a reedição de alguns trabalhos em vinil. O último trabalho de Hecker, intitulado Virgins, que data de 2013 é um dos pontos alto da longa carreira do produtor, e está em pé de igualdade com os ápices de sua trajetória como Harmony In Ultraviolet (de 2006) e Ravedeath, 1972 (de 2011).
Infelizmente, ainda não é desta vez que poderemos ouvir o sucessor de Virgins, mas, de qualquer forma, a reedição das faixas Norberg (gravada ao vivo e vinda de 2007) e Apondalifa (de 2010) traz uma nova luz sobre um momento meio fugidio da trajétoria de Hecker. E não é apenas o relançamento destas faixas (ambas as edições esgotaram quase que instantaneamente na época de seus respectivos lançamentos) que nos faz escutá-las com nova atenção; aqui, a reunião – que parece ter acontecido mais por questões práticas que conceituais – dos dois singles em um LP estabelece uma nova inter-relação de dois instantes que pareciam até agora sem uma conexão específica.
Nessas faixas o trabalho minucioso de Hecker tece as texturas de suas camas harmônicas até a edificação de um universo sonoro grandioso. Seu build-up vindo da Drone Music acontece com tanto esmero que somos desavisadamente transportados a um estado meditativo envolvente. Talvez a ocasião de retrabalhar essas faixas tenha vindo de uma oportunidade de marketing mais do que criativa, mas sem dúvida nenhuma reacende um lado esquecido de Hecker e, além de tudo, é um presente precioso para os aficcionados pelo formato do vinil.