Resenhas

Divine Fits – A Thing Called Divine Fits

“Supergrupo” Indie se reúne para fazer trabalho que contém muito das referências passadas de seus membros mas sem desagradar ninguém

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Ano: 2012
Selo: Merge
# Faixas: 11
Estilos: Indie Rock, Synthpop
Duração: 42:36
Nota: 3.5
Produção: Nick Launay

Dan Boeckner é um cara que não consegue ficar parado, vive de música. Quando um do seus grupos, o Handsome Furs, chegou ao fim neste ano, o vocalista se viu em uma encruzilhada. O seu grupo principal, Wolf Parade já havia entrado em um hiato indeterminado no ano anterior, e agora o músico estava “desempregado”. O que fazer? Chamar um amigo bacana, tipo o Britt Daniel vocalista do importante Spoon e criar um novo grupo, o Divine Fits, com o baterista Sam Brown da New Bomb Turks. “Supergrupo indie é criado” disseram os mais sensacionalistas, músicas foram soltadas aos poucos e muita expectativa foi gerada a partir do anúncio do grupo. A Thing Called Divine Fits marca o início da banda.

Tanto Dan quanto Britt tem vocais bem característicos e, quando alternados durante o disco, funcionam muito bem. O primeiro single, My Loves is Real, tem Dan cantando “meu amor é verdadeiro até que ele acabe”, com uma música construída com muitos sintetizadores mesclados e com sua levada cadenciada que consegue capturar o ouvinte. Flaggin A Ride coloca o líder do Spoon, Britt Daniel, pela primeira vez no comando. A voz de Britt se destaca na canção, e poucas vozes são tão sinceras como a desse sujeito. Canção cadenciada também, tem o refrão como auge e lembra muito canções do Spoon. What Gets You Alone começa a agitar o álbum com uma bateria frenética, constante, e vai progredindo com alguns instrumentos sendo introduzidos aos poucos, até que no último terço da canção, explode. Tem cheiro de Wolf Parade.

O início do segundo single, Would Not Be Nice, é quase um excerto de alguma obra do Spoon. Baixo bem encaixado com a bateria e a voz de Britt ecoando pela música tem nos sintetizadores lisérgicos o melhor tom desta canção mais viajada. Certamente um dos momentos mais altos do disco. The Salton Sea faz os ouvidos vibrarem com Dan cantando bem devagar ao mesmo tempo que é acompanhado por uma bateria bem alto e sintetizadores que parecem levar a cabeça do ouvinte a diferentes lugares. Baby Get Worseé a primeira canção que parece ser feita como um grupo pois, ao mesmo tempo que coloca uma bateria e condução característicos do Spoon, põe Dan e Britt alternando nos vocais, criando uma identidade pela primeira vez do Divine Fits.

Toda construída no violão, Civilian Stripes, é relativamente simples, com uma pequena duração e, ao mesmo tempo que destoa do disco, não o prejudica. Mais uma vez, vemos uma unidade na banda com For Your Heart, uma canção que lembra bem os anos 80 com uma levada eletrônica mais soturna e a guitarra de Britt dando o toque especial nos momentos certos. Shivers dificilmente não estará na sua playlist de músicas para escutar na estrada. Apesar de melancólica, imagens de campos verdes com um sol escaldante vem à cabeça logo na primeira escutada. E o refrão, nesta música cantada pelo vocal do Spoon, cria o vínculo necessário com uma canção desse porte quando este quase se mata para cantar “down my spine”.

Ice Cream é feliz, com belos backing vocals em uma canção que combina com o verão, assim como seu nome sugere. Deveria ser escutada em um passeio na ciclovia de qualquer praia. Neopolitans não flui como o esperado, sendo o momento mais insosso da obra. Bem calma, a canção tenta explodir em alguns momentos mas sem realmente causar nenhum impacto.

Com os membros que tem, dificilmente o Divine Fits faria algo que não fosse notável. A medida que o disco vai rodando na vitrola, vemos que as canções cantadas por Dan lembram muito Wolf Parade e Handsome Furs, enquanto as feitas por Britt são quase o Spoon. Entretanto, quando a banda foge um pouco à regra e mistura suas referências, algo original é criado e, por fim, o grupo acaba causando uma boa impressão em sua estreia. Talvez quando o alvoroço em torno do primeiro disco diminuir, os membros consigam fugir um pouco do básico em mais momentos e realmente façam um álbum que seja o Divine Fits e não uma mistura de excertos de outros projetos. Mas, por enquanto, o som do disco agradará qualquer fã de Spoon, Handsome Furs, Wolf Parade ou de um bom Indie Rock.

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BOM PARA QUEM OUVE: Wolf Parade, Spoon
ARTISTA: Divine Fits
MARCADORES: Indie Rock, Synthpop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.