Resenhas

Glass Animals – How to Be a Human Being

Banda exercita sua “esquisitice” em disco de momentos tão altos, quanto baixos

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Ano: 2016
Selo: Wolf Tone Limited
# Faixas: 11
Estilos: Indie, Indie Pop, Trip Hop
Duração: 43'
Nota: 3.0

A pista de entender How to Be a Human Being talvez esteja justamente em seu título. Não que Glass Animals tenha feito de fato uma espécie de manual de como ser gente, mas montou em onze faixas um panorama do que é viver – não por coincidência, a primeira faixa é chamada Life Itself -, tudo enquanto exercita sua “esquisitice” e desapego a convenções de estilo dentro do Indie em que se encontra.

São pequenas experimentações ou resultado de testes anteriores que embalam histórias de diversos seres humanos em seus dramas. Há espaço para influências do R&B e do Indie Pop em meio ao que pode ser descrito como uma versão mais Pop de um Trip Hop bastante elétrico – ou seja, coesivo com seu Zaba, ainda que sem ter os elementos étnicos em evidência, tirando a percussividade da música de abertura (que parece usar o mesmo sampler que Britney Spears em sua I’m a Slave for U).

O que essa ambientação, somada às experiências com timbres e arranjos, gera é um disco de pontos bastante altos, e outros igualmente baixos. Faixas como Cane Shuga, Poplar St e Pork Soda parecem brilhar no aspecto noturno que propõem, prontas para surpreender o ouvinte a qualquer momento, enquanto o refrão mais pesado de The Other Side of Paradise e o fim animadinho de Mama’s Gun – após três minutos interessantes – vem para desanimar quem estava vibrando com as possibilidades que o álbum possui.

E o problema parece não estar na variação de qualidade entre os momentos tão bons e tão incomodadores no disco: A questão é o “equilíbrio” que a maioria das músicas encontra em meio a isso. Depois de duas audições, você percebe que Agnes, Youth e Season 2, Episode 3 são mais do mesmo som grandioso que o cenário Indie popular apresenta em festivais e trilhas sonoras ao redor do globo.

How to Be a Human Being acaba sendo sustentado por seus pontos de destaque e pela expectativa de que, a qualquer momento, uma boa surpresa tomará conta dos fones de ouvido. O resultado, porém, é um disco que agradará sobretudo a quem precisa de um pouco de experimentação, um pouco da tal “esquisitice”, na música que ouve, mas nem tanto assim.

(How to Be a Human Being em uma música: Life Itself)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.