Femejism, o segundo álbum do duo californiano Deap Vally, marca a transição do grupo para uma sonoridade que é, ao mesmo tempo, menos truncada e mais assertiva.
Se o peso de sua estreia Sistrionix rendeu comparações a The White Stripes e Led Zeppelin, a “nova” faceta do grupo, temperada com o olhar do produtor Nick Zinner, perde um pouco da crueza de outrora e ganha proporções mais azedas, mais próxima da música de Yeah Yeah Yeahs ou Bikini Kill.
O grupo continua a tradição de nomear seus trabalhos através de uma apropriação bem-humorada de temáticas feministas. Enquanto nome do debute pode ser traduzido como algo do tipo “irmãs histriônicas” (ironizando o estereótipo da mulher dramática e excessivamente emocional), o título do atual é um trocadilho entre o termo “feminismo” e a ideia de “ejaculação feminina”.
A maioria das letras também transita neste território. Ideias de empoderamento em Gonnawanna (a fórmula “I wanna” e I’m gonna” vinda do Riot Grrrl aparece esporadicamente), palavras de ordem contra cantadas de rua (Smile More) e independência sexual (Two Seat Bike) são apenas alguns exemplos do universo de reivindicações de Lindsey Troy e Julie Edwards.
O Rock contemporâneo, econômico e incisivo de Deap Vally marca a evolução do próprio grupo em direção à independência: seja ela da comparação com outras bandas, do contrato com algum grande selo musical, e, mais importante, da liberdade feminina em um mundo calcificado pelo patriarcado.
(Femejism em uma música: Little Baby Beauty Queen)