Resenhas

Syd – Fin

Em seu primeiro disco sem The Internet, vocalista assume nostalgia do Pop sem exageros

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Ano: 2017
Selo: Columbia/Sony
# Faixas: 12
Estilos: R&B, Indie R&B
Duração: 37'
Nota: 4.5
Produção: Syd, Hit-Boy, Melo-X, Steve Lacy, hazebanga, Nick Green, Anthony Kilhoffer, J Gramm, Flip, Rahki

Syd não estava de brincadeira quando comentou que seu primeiro álbum solo teria influências da música que ouvia quando era criança, assim como não foi exagero nenhum toda a expectativa que cercava seu lançamento por parte de público e crítica que acompanha a artista com The Internet. Fin é a resposta Pop ao som que ela sempre fez com o grupo, sem ser nem um pouco caricato ou excessivo.

Shake Them Off, a faixa de abertura, serve tanto como introdução ao universo da vocalista, quanto constrói a ponte entre o ambiente no qual estamos acostumados a ouvir sua voz (The Internet) com a estética proposta no trabalho que leva seu nome. A música é noturna, sensual e fragmentada, com timbres graves que contrastam com sua voz no maior estilo Ego Death.

A partir daí, começa seu processo de revisitar suas referências mais orgânicas do R&B dos anos 1990 ao lado da herança que aprendeu com The Internet. Know, a música seguinte (e candidata a favorita do disco por muitos), lemba Aaliyah, Destiny’s Child (o grupo que nos deu Beyoncé) e afins, com um refrão naturalmente pegajoso e um aspecto dançante discreto, mas sempre presente.

Nothin to Somethin (e sua guitarra sutil) continua esse espírito, enquanto Over mistura o Pop da década referenciada com o de hoje em dia, cheio de influências caribenhas e um número mais limitado de timbres e elementos sonoros – escolhas que equalizam o passado e o presente em sua música, sem deixá-la pender demais para nenhum dos dois lados. O mesmo vale para os backing vocals de outrora com a guitarra referencialmente Indie em Insecurities, assim como a voz processada na balada Smile More ou em Dollar Bills.

Em forma e conteúdo, Fin mostra-se tanto noturno, quanto romântico – como denunciaram os singles Body e All About Me -, como mandam as tradições do R&B e do Pop. Em meio a isso tudo, as curtinhas No Complaints e Drown in It ajudam a manter a obra dinâmica e cheia de personalidade.

Com isso, Syd soube fazer um álbum que tem tudo para agradar em cheio quem já a seguia com The Internet, ao mesmo tempo que acumula novos admiradores pelo som mais leve e despretensioso que o do grupo – algo que o ótimo The Drum Chord Theory, de seu colega Matt Martians, não consegue fazer. Bem dosado, sonoramente rico e divertido, é um disco que coloca a cantora como aspirante a referência de futuros novos artistas.

(Fin em uma música: Nothin to Somethin)

The Internet

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BOM PARA QUEM OUVE: Solange, Kelela, Willow Smith
MARCADORES: Indie R&B, Ouça, R&B

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.