É com uma média de um lançamento ao ano que Ryan Adams, músico norte-americano de Jacksonville, chega ao seu décimo sexto álbum completo, intitulado Prisoner, acenando com simpatia para a música que aprendeu a fazer no século 21.
Olhar para sua discografia atualmente é como adentrar esse panteão de dezesseis pilares que guardam a memória do artista, preservando uma fórmula musical que permanece praticamente intacta desde sua estreia, salvo alguns sutis aperfeiçoamentos. Basta olhar para seu álbum inaugural – Heartbreaker (2000) – feito de um Rock interiorano, balanceado entre nuances da canção folclórica Americana (uma mistura hegemônica entre o Folk de Wilco e a guitarrada de Bruce Springsteen), e compará-lo com o lançamento que precede o atual – 1989 (2015) – uma apropriação de um trabalho homônimo de Taylor Swift, ou seja, que fala de corações partidos sob a consagração do Pop radiofônico, imensamente calcado na obsessão nostálgica pela década de 80.
É tudo isso que constrói Prisoner, um trabalho que no primeiro play vai te transportar para o banco de trás do Monza do seu pai, vidro aberto, rádio FM ligada, aquela história. A essa altura já deu para entender que, dentro do modus operandi de Adams, este álbum é mais do mesmo, assim como todos os seus outros predecessores também sempre foram a repetição recontextualizada do imaginário cancioneiro do músico.
Nesse sentido Prisoner, um break-up album, um território bastante prolífico e familiar para o artista (e, claro, para a música popular em geral), mostra um compositor que quer falar da decepção, do egoísmo, e que, de certa maneira, permanece preso àquele que sempre tem sido há uma década e meia. Nesse caso específico, o apego ao passado faz parte integral da identidade de Adams, como se este não vivesse em um tempo linear, e sim em um circular, um tempo no qual as coisas sempre retornam e precisam ser revividas para fazer sentido. Por isso, Prisoner revela, em sua familiaridade amigável, meio sem querer, meio sintomaticamente, a quintessência nostálgica de Ryan Adams.
(Prisoner em uma música: Do You Still Love Me?)