Resenhas

Clap Your Hands Say Yeah – The Tourist

Quinto disco de célebre banda Indie revisita sua consolidada sonoridade

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Ano: 2017
Selo: CYHSY Inc.
# Faixas: 10
Estilos: Indie Rock, Indie Pop
Duração: 37:00
Nota: 3.5
Produção: Alec Ounsworth

Clap Your Hands Say Yeah é um dos últimos respiros genuínos no Indie novaiorquino. Com pouco mais de quinze de anos de carreira e inúmeras formações, o grupo ganhou sua fama levando o lema DIY extremamente a sério, principalmente no que diz respeito ao seu disco de estreia, lançado em 2005. Atualmente, a banda se concentra em Alec Ounsworth, único integrante original, que praticamente toca o projeto sozinho e tenta agregar o máximo possível de significados atuais à sonoridade extremamente datada da banda. Mesmo apostando nesta nostalgia intensa, o projeto se mantém sólido até hoje e, contrário às constantes previsões de que o Indie já não produz frutos relevantes, seus discos alcançam notável reconhecimento frente à música Eletrônica e Hip Hop – gêneros que tomaram o espaço entre o público jovem.

Dessa forma, o grupo norte-americano traz à tona seu quinto trabalho que se comporta praticamente como um equilibrista entre os demais registros de sua discografia. The Tourist oscila entre duas percepções: o Indie como sonoridade nostálgica e como uma ferramenta de inovação. A primeira fica clara logo em uma audição superficial e, se o disco nos parece familiar, é porque de fato ele é. Vocais despretensiosos, baterias Lo-fi, flertes com o Folk dos anos 70 trazem todo aquele universos Indie muito claramente. Mas, ao mesmo tempo, a banda utiliza estes mesmo elementos para explorar arranjos menos caricatos e harmonias menos simples. Assim, o registro vai alternando entre estas duas facetas criando sentimentos dúbios que podem ser encarados ou como um “atirar para todos os lados” como “uma estratégia bem executada para manter a atenção plena do ouvinte”.

Há uma suavidade que paira sobre o disco, anunciada logo na primeira faixa. Aquele Indie agressivo cede espaço para tranquilas e calmos arranjos. A Chance To Cure, por exemplo, constrói esta calma a partir de timbres de sintetizadores bem harmonizados e reverbs bem espaços. Já Down (is where I want to be) é mais agressiva, mas como todas as composições, mantém essa ambientação branda, seja pelos vocais etéreos ou teclados lisérgicos. Better Off traz um trabalho Lo-fi típico do Indie do final dos anos 2000, mas o faz algumas modificações para que a sonoridade não seja tão batida. The Vanity Of Trying traz aquela batida acelerada, quase robótica, junto a pads hipnóticos que lembram até mesmo um Tame Impala mais jovem. Ambulance Chaser traz a nostalgia viva de The Cure e The Smiths e, por fim, Visiting Hours encerra o trabalho com uma balada no melhor estilo Neutral Milk Hotel, com palhetadas pesadas e melodias tortas e despretensiosas.

The Tourist é um disco surpreendente para o ano em que foi lançado, pois atualiza um gênero batido sem criar mais estereótipos ao seu redor. Se este talento vai se manter pelos próximos lançamentos de Clap Your Hands Say Yeah é difícil dizer. Mas, certamente, este lançamento propõe um reconhecimento firme de Alec Ounsworth, que consegue manter um projeto desses vivo e relevante, praticamente sozinho. Um disco que vê e revê sonoridades antigas, atualizando ou relembrando-as com saudade.

(The Tourist em uma faixa: A Chance To Cure)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique