Não raro, os próprios títulos dos álbuns abrem margem para fazer uma relação com as músicas, como foi o caso de ”What Did You Expect From The Vaccines”, em que a banda expressa sua despretensão já de cara. O grupo californiano Grouplove também entrou na onda ao retomar o tema “bagunça” explorado em seu último trabalho, Big Mess. Nesta nova empreitada, a banda soltou um EP de cinco faixas intitulado Little Mess, ficando inevitável não traçar alguns paralelos entre os nomes de ambos os discos.
O primeiro deles se dá pelo fato de escolherem as músicas descartadas do último álbum. Muitos artistas já fizeram isso resultando em um trabalho coeso. O problema com Grouplove no entanto, é que não havia necessidade. O projeto de 2016 foi para as lojas com onze faixas, tendo espaço suficiente para mais cinco. A escolha do grupo de não inseri-las naquele contexto é completamente entendível, contudo, ao ouvir as músicas em Little Mess, dá para se ter uma ideia porque Hannah Hooper e cia preferiram deixá-las para fora.
Outro ponto a ser destacado é a falta de linearidade entre as canções. Essa sensação fica explícita pela miscelânea de escolhas que vai do Indie ao Folk, passando por tentativas de Dream Pop e até mesmo um noise no fim de um live. As letras também não colaboram. Se as composições já faziam o EP quase não sair do lugar, as escolhas de frases desconexas e inexpressivas, puxam de vez o freio de mão e passam a sensação de estagnação artística por parte do grupo. Little Mess, apesar de um trabalho curto, é suficiente para mostrar o lugar da banda nos tempos atuais, parecendo não inserir feeling no que fazem e assim mantendo seu posto de banda indie que caiu no limbo.
No final, a impressão que fica é que a gravadora pediu na última semana um lançamento para o evento Record Store Day e eles se entreolharam e disseram: “Eita, e agora?”.
(Little Mess em uma música: Torso)
