Resenhas

Blaenavon – Prague ’99

Trio inglês solta EP com três inéditas complementando álbum lançado em abril

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Ano: 2017
Selo: Transgressive
# Faixas: 4
Estilos: Rock Alternativo, Pós-Punk
Duração: 16:01
Nota: 3.5
Produção: Jim Abbiss

Trio da novíssima geração de bandas britânicas, Blaenavon vem dos cafundós de Hampshire. Ben Gregory, Frank Wright e Harris McMillan são amigos desde o colégio e viram-se dispostos a formar um grupo para se divertirem um pouco. Viram que era possível ultrapassar o amadorismo e, logo após encerrados os estudos, eles passaram a levar a coisa a sério. Em abril deste ano, após um 2016 muito proveitoso – no qual excursionou pela Inglaterra e aparecerem nos principais festivais de verão – Blaenavon lançou seu primeiro disco, o bom That’s Your Lot. Uma das faixas é, justamente, esta ótima Prague 99, que ressurge como single tardio a bordo deste EP homônimo. Ela lembra, de leve, a velha Silent Lucidity, sucesso de Queensryche, dos tempos da aurora da MTV Brasil.

A praia do trio é fazer Rock contemporâneo, no sentido, digamos, Mumford And Sons do termo, ou seja, alternância entre rapidez e lentidão, explosões no refrão, alguns instrumentos de corda dedilhados ao longo da canção e tudo mais. Há, porém, uma versatilidade que diferencia os rapazes e uma certa dose de humor às vezes dá as caras. Um bom exemplo é The Monte Carlo Kid, que chega a lembrar algo que Pulp gravaria em uma demo, caso estivesse começando a carreira hoje. Há humor e há senso Pop presente, o que é, certamente, um diferencial em relação à maioria presente. Além disso, há um amor por dedilhados que podem ser fruto de audições prolongadas de The Smiths, fazendo tudo funcionar bem.

As outras duas canções do EP mantém a veia Pop, mas mostram um outro trunfo: a capacidade de sensibilizar-se com alguns problemas do cotidiano, que passam batidos às vezes, justo porque muita gente não consegue extrair inspiração deles. Veja o caso de Death In Family, lenta, com violão dedilhado e teclado pontuando aqui e ali, mostrando profundidade. O timbre de voz de Ben Gregory é agradável, limpo e promissor.

Encerrando o disquinho, uma pequena diatribe pessoal, chamada 12, novamente triste, intensa, com violões e descuido intencional na captação da voz em estúdio, mostrando um take sem limpeza de suspiros e inspiração, algo que aumenta a carga emocional em muitos graus.

A produção de Jim Abbiss, que já pilotou estúdios para Adele e Arctic Monkeys, mostra que Blaenavon não está pra brincadeira e segue acreditando no seu próprio taco. É uma amostra bem promissora e nos animou bastante.

(Prague 99 EP em uma música: Prague 99)

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BOM PARA QUEM OUVE: The Smiths, Mumford & Sons, Pulp
ARTISTA: Blaenavon

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.