Resenhas

Aminé – Good For You

Disco de estreia do rapper traz curadoria minimalista de tendências do Hip Hop/RnB

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Ano: 2017
Selo: CLBN/Republic Records
# Faixas: 15
Estilos: Hip Hop, RnB, Trap
Duração: 52:55
Nota: 4.0
Produção: Aminé, Frank Dukes, Geoffrey Earley, Girlpool, Guy Lawrence, J Gramm, Jay Prince, Metro Boomin, Murda Beatz, Jahaan Sweet, Malay ,Pasqué e Vegyn

O Hip Hop é um gênero que mostra formas cada vez mais inventivas de chamar atenção, por produções maduras e/ou rimas bem construídas e ácidas. Ainda que haja uma boa parte de artistas que insistam em estereótipos irritantes e pouco desenvolvidos, como as músicas de Future e sua gangue, é possível afirmar que nunca as listas de melhores do ano estiveram tão repletas de discos do gênero, como Kendrick Lamar, Kanye West e até mesmo o veterano grupo A Tribe Called Quest. No meio desse diverso cenário, o rapper americano Aminé parece exemplificar bem o processo bem equilibrado entre os novos caminhos e os clichês do gênero, produzindo alguns EPs mais tímidos e, agora, colocando no mundo uma estreia que é igualmente um apanhado de tendências e um laboratório de experiências bastante interessantes.

Good For You pode parecer um trabalho mediano por ser um compilado de tendências, mas o disco completo é maior do que o somatório das partes. Aminé e seu time de produtores exploram Hip Hop, R&B, Trap e Chillwave de novas formas e, ao invés de acrescentar camadas e camadas de instrumentos, há um bom senso muito claro das necessidades de cada faixa. Ou seja, Aminé trabalha o minimalismo radical, pegando apenas o essencial de cada tendência do gênero e, dessa forma, compondo quinze faixas potentes em traduzir as críticas e pensamentos do rapper. É fantástico como ele consegue destrinchar os diferentes subgêneros e fazer uma curadoria daquilo que é mais importante para que possa transmitir sua mensagem. Portanto, ao ouvir Good For You compreendemos as diferentes essências do Hip Hop pela visão de Aminé.

Veggies abre com um belíssimo arranjo de cordas que logo se transforma em uma jam que oscila entre os acordes do R&B e a batida suingada do Trap, recriadas de uma forma minimalista. O single Caroline traz uma célula rítmica e sintetizadores constantes que conseguem sustentar o peso da música mesmo que haja pouquíssima variação. Spice Girl é a que mais se aproxima do estereótipo Trap que Future criou e, mesmo assim, com algumas intervenções pontuais, como a supressão de alguns elementos percussivos, ele consegue deixar aquela mesmice em algum mais interessante.

STFU talvez seja a faixa mais minimalista do disco, abusando de autotunes e batidas Glitch para permear entre a Chillwave e o Hip Hop melódico de Drake. Sundays já se aproxima de referências mais contemporâneas, como Tyler The Creator e Earl Sweatshirt, com batidas lentas e timbres melancólicos/fúnebres. Blinds se alia ao RnB puro, com acordes abertos e linhas precisas de baixo, trazendo o suíngue inconfundível de The Internet e até mesmo Stevie Wonder. Money compila timbres simples de sintetizadores analógicos para sustentaram a crítica pessoal de Aminé ao capital. Por fim, Heebiejeebies une a belíssima voz de Kehlani com batidas sedutoras na composição mais cheia do disco, como se o rapper estivesse contendo o melhor para o final.

Good For You é uma estreia forte que mostra o talento de Aminé, não só como produtor, mas como rapper crítico de seu tempo, tanto politicamente quanto musicalmente. Aminé não é mais um reprodutor de tendências no mercado fonográfico, é um curador consciente de sua responsabilidade. Uma estreia que traz muita esperança dentro do Hip Hop e, certamente, uma das melhores do ano.

(Good For Youem uma faixa: Blinds)

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BOM PARA QUEM OUVE: Kaytranada, The Internet, Drake
ARTISTA: Aminé
MARCADORES: Hip Hop, Ouça, R&B, Trap

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique