Resenhas

A.A.L – 2012-2017

Nicolas Jaar trabalha proposta imersiva e cheia de surpresas em mais um projeto paralelo

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Ano: 2018
Selo: Other People
# Faixas: 11
Estilos: House, Eletrônica
Duração: 1h06
Nota: 4.0
Produção: Nicolas Jaar

Against All Logic, ou apenas A.A.L, é mais um projeto do renomado produtor Nicolas Jaar, que decidiu lançar seu 2012-2017 de surpresa – talvez pelo despojo de um disco que, como o nome revela, é um apanhado de faixas feitas ao longo dos anos, ou talvez para acompanhar o aspecto levemente subversivo de um projeto chamado “contra toda a lógica”. Se é incerto afirmar sobre suas decisões, não é difícil perceber e concluir que trata-se de mais um trabalho que coloca o artista em destaque na Eletrônica contemporânea.

Estendendo-se por onze faixas que somam pouco mais de uma hora, a experiência oferecida por Jaar no álbum/compilação é tão dançante quanto nostálgica, tão familiar quanto esquisita. Isso porque as músicas são construídas por um intenso trabalho de samplers e de timbres percussivos que soam bastante orgânicos, como pratos e caixas de diferentes volumes, o que chega a parecer que estamos ouvindo remixes bastante livres de um trabalho gravado por alguma banda de um passado que nunca vivemos, mas conhecemos bem.

Faixas como Such a Bad Way e Some Kind of Game brincam com seus aspectos mais espaciais, até etéreos, para oferecer um equilíbrio ao House fragmentado, sujo e até bagunçado de músicas como I Never Dream, e Know You. O que fica da audição de 2012-2017 é esse aspecto dançante inspirado no Soul, Funk e Disco em suas épocas de glória repensado como música desta década, embora alguns momentos tragam seus elementos de maneira mais diluída aqui, mais referencial ali. Esse espírito, contudo, está sempre presente.

Melhor ainda é perceber como, mesmo com esse lado House sampleado tão latente, Jaar oferece também um conteúdo próprio dos seus sets como esperamos que eles sejam, com timbres notavelmente sintetizados de uma música Eletrônica imersiva, envolvente e sempre noturna. Dá para entender 2012-2017 como uma linha do tempo bastante direta, se pensarmos da primeira à última faixa, como o produtor brincando com os samplers no lado-A (como Some Kind of Game) até encontrar mais facilmente sua própria musicalidade ao final da obra (como Rave on U), sendo Such a Bad Way o “meio do caminho” entre esses dois pólos.

Cheio de pequenas surpresas, seja de uma música a outra ou dentro delas mesmas, o álbum fascina ao trazer esse panorama de sua musicalidade de uma maneira leve, quase irreverente, ainda que com possibilidades de leituras bastante “lógicas”. Vale ouvir.

(2012-2017 em uma música: Know You)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.