Resenhas

Matty – Déjàvu

Artista trabalha familiaridade estética de uma cena que conheceu com BadBadNotGood

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Ano: 2018
Selo: Matty Unlimited
# Faixas: 9
Estilos: Indie Pop, Indie, Pop Psicodélico
Duração: 35'
Nota: 4.0
Produção: Matthew Tavares

“Déjà vu” é o termo em francês que expressa aquela sensação de “hmm eu já vi isso antes”, e Déjàvu é o nome do primeiro álbum solo de Matthew Tavares (da banda BadBadNotGood) sob o nome Matty. Escancaradamente sem nenhuma intenção de grandes originalidades, o músico conseguiu criar uma obra que dialoga diretamente com a produção musical de 2018 sem deixar a desejar em relação à qualidade daquilo que apresenta com o grupo.

O disco é despojado e despretensioso, assim como o som que reside nos territórios entre o Lo-fi e a Psicodelia deveria sempre ser. É um peixe fácil de vender para quem consome de Tame Impala a Mac DeMarco, enquanto se relaciona com vários outros menos conhecidos que pertencem ao cenário Indie desta época. Lembra um Astronauts, etc. nos momentos mais tranquilos, ou um Moodöid nas horas mais animadinhas. Tem algo de Real Estate aqui, tem outra coisa de Unknown Mortal Orchestra ali. É, já vimos isso antes.

Entretanto – e felizmente -, Déjàvu consegue explicitar sua identidade própria ao mesmo tempo em que se destaca em meio aos tantos semelhantes por conseguir estar bastante acima da média. Entre suas características mais marcantes, você vai perceber um domínio de Tavares para construir ambientações imersivas, aquele tipo de som que sempre te convida a estar à vontade ali dentro, assim como seu vocal se mostra carismático em sua timidez – o que aumenta o grau de simpatia da obra como um todo.

Outra questão que argumenta a favor do álbum é como ele consegue oferecer uma audição sempre dinâmica com músicas que, mesmo dentro de uma mesma esfera sonora, são diferentes entre si. A balada Embarrassed abre o repertório com ecos nostálgicos, o que Verocai continua no que parece um exercício de composição e arranjo com poucos elementos. How Can He Be é aquele Pop divertido à la The Whitest Boy Alive e afins, enquanto a seguinte I’ll Gladly Place Myself Below You trabalha a autodepreciação de seu tema em uma introspeção psicodélica muito convidativa.

Déjàvu segue por momentos ensolarados, entre músicas sempre suaves, mesmo quando mais agitadinhas, até chegar à faixa-título, que encerra o disco com imponência e uma introdução de mais de cinco minutos até os vocais entrarem. É a gran finale de um trabalho de alta qualidade que sabe divertir sem qualquer apelação.

É inteligente a maneira como Matty traz suas composições para o centro do imaginário do meio Indie/Alternativo de hoje em dia, oferecendo essa digestão rápida de suas músicas graças ao que já estamos acostumados a ouvir. E é com um ótimo álbum que ele conquista seu espaço em meio aos nossos novos favoritos, enquanto torcemos aqui para que a obra não seja apenas uma grande experimentação do músico, mas o primeiro lançamento de uma carreira duradoura.

(Déjàvu em uma música: Embarassed)

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BOM PARA QUEM OUVE: Moodoïd, Mac Demarco, Astronauts, etc.
ARTISTA: Matty

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.