Fredrick Tipton, mais conhecido pelo codinome de Freddie Gibbs, é um rapper estadunidense – mais especificamente de Gary, Indiana – já veterano na cena. E é possível chamá-lo assim não tanto pelo comprimento do seu currículo, com cinco álbuns/mixtapes lançados, mas principalmente pelo peso do seu trabalho e pelo modo como parece evocar em suas letras os grandes nomes do passado.
Após passar por um período de redescoberta e auto-avaliação em You Only Live 2wice, Freddie ensaia um retorno para o Gibbs conhecido do público, focado em temáticas explícitas do Gangsta Rap dos anos 90. Embora a capa do trabalho, que faz referência a Teddy Pendergrass, possa ludibriar as expectativas do ouvinte, no sentido de dar a entender que Gibbs vai baixar o tom e canalizar seu lado romântico, logo nos damos conta que a nostalgia do artista tem muito mais a ver consigo mesmo.
Se, no entanto, as letras afiadas de Gibbs se voltam para o próprio passado, a produção traz o álbum para a contemporaneidade. A atmosfera urbana e noturna sempre foi uma preferência de Gibbs, mas as influências do Trap e do Grime – intersecção que faz lembrar uma recente parceria de A$AP Rocky com Skepta – dão um tom de novidade no trabalho do artista. Outro sintoma interessante é a duração do álbum que, apesar de contar 10 faixas, é bastante curto, somando no total apenas 25 minutos de duração – alinhado com a tendência de álbuns curtos no Hip Hop, em oposição ao exagero maximalista que era palavra de ordem no ano passado.
No geral, não é difícil ver como Freddie Gibbs flui com segurança pelo que faz. Embora Freddie não se equipare a momentos de brilhantismo como vimos no álbum Piñata, dificilmente o rapper deixa a energia baixar a ponto de perder a atenção do público. Freddie, por ser curto, pode servir como experimento para os não iniciados na obra do rapper, e, ao mesmo tempo, entrar sem dificuldades para a lista dos fãs do artista.
(Freddie em uma música: Death Row)