Resenhas

Dirty Projectors – Lamp Lit Prose

David Longstreth continua seu rumo pelo R&B, adotando temas mais ensolarados

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Ano: 2018
Selo: Domino
# Faixas: 10
Estilos: Alt-R&B, Art Pop, Indie
Duração: 37:20
Nota: 4.0
Produção: David Longstreth

Dando continuidade à sua nova fase, Dirty Projectors, banda estadunidense liderada pelo cientista maluco David Longstreth, chega ao seu nono álbum. O projeto, um dos principais nomes do próspero cenário Indie dos anos 2000, ostenta orgulhosamente uma fórmula muito própria de pensar a fazer a música na contemporaneidade. Desde que amadureceu, seus olhos parecem se voltar cada vez mais para uma conquista do mainstream. Lamp Lit Prose confirma mais um passo nessa direção.

Lamp Lit Prose segue praticamente o mesmo rumo do autointitulado Dirty Projectors, que é o de colocar-se mais ao lado do R&B e do Pop contemporâneo ao invés do Indie Experimental que foi a palavra de ordem no passado mais distante da banda. A principal diferença entre os dois trabalhos, no entanto, é o tom: se o anterior afundava-se no ressentimento e na amargura de um fim de relacionamento, o álbum da vez tenta desbravar temáticas mais ensolaradas, explorando imagens que tornam o ar mais fácil de respirar.

Como todos os álbuns de Longstreth até agora, as coisas parecem excessivamente cerebrais, matemáticas e anti-intuitivas, como se cada instrumento falasse por si e, graças ao toque de midas da mente brilhante do compositor, todas as pequenas frestas se encaixassem umas nas outras. O resultado final é que o andamento das músicas de Dirty Projectors se parece muito mais com um “silly walk” – ou seja, absurdo, desnecessariamente complicado, mas, ao mesmo tempo, hipnótico.

No intervalo de dez faixas, os convidados trazem um brilho especial. Syd, Amber Mark, Robin Pecknold e Rostam são participações que, entre outras, trazem Lamp Lit Prose para um universo mais melódico e amaciado, baixando o tom cansativo das articulações pontiagudas de Longstreth.

Na faixa Break-Thru, uma das melhores do trabalho, o artista tem a manha de rimar “Archimedes Palimpsest” com “Julian Casablancas”. Faz sentido considerar a música de Longstreth, em especial a presente nesse álbum, como um palimpsesto, ou seja, um pergaminho sobre o qual se reescreve constantemente a história, cheio de segredos escondidos, disfarçados em meio à quantidade de referências culturais sobrepostas umas às outras. A vantagem é do ouvinte, que parece descobrir, a cada audição, um novo trabalho para apreciar.

(Lamp Lit Prose em uma música: Break-Thru)

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BOM PARA QUEM OUVE: Rostam, Janelle Monáe, tUnE-yArDs
MARCADORES: Alt-R&B, Art Pop, Indie

Autor:

é músico e escreve sobre arte