Resenhas

Ty Segall & White Fence – Joy

Segundo disco da parceria entre compositores dosa bom Folk Rock com agressividade Punk

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Ano: 2018
Selo: Drag City Records
# Faixas: 15
Estilos: Stoner Rock, Psicodelia, Folk Rock
Duração: 30:07
Nota: 3.5
Produção: Ty Segall e White Fence

Quando a criatividade é forte em um artista, sua discografia se torna um labirinto complexo a ser desvendado. Mas o que acontece quando juntamos dois artistas com similar histórico? De um lado, Ty Segall um inventivo e caótico guitarrista que abusa das distorções e da estética Lo-fi para deixar seus ouvintes em frenesi, sempre explorando diversos temperos e apresentando discos distintos entre si. Do outro, Tim Presley, mais conhecido pelo nome de White Fence, um compositor americano que transita por terrenos similares aos de Ty, mas que conserva uma forte influência pesada da Folk Music não abrindo mão de composições fortes no melhor estilo Singer-songwriter. Assim, temos um terreno que já se mostrou próspero para que uma sonoridade interessante se construísse, demonstrada no disco Hair (2012) estreia do duo. Seis anos após, eles retornam com um sucessor tão certo de suas origens como cada uma das metades deste projeto.

Joy não poderia ser mais direto. A alegria e diversão de compor juntos certamente impera o registro durante suas 15 faixas e, apesar de serem de curta duração, pregam uma adolescência efêmera que diverte o ouvinte do começo ao fim. Como referido no release da banda, se você veio esperando um disco sobre o fim do Rock, pode esquecer. Aqui o negócio é celebração.

Há tanto uma despretensão com arranjos simples, quanto uma preocupação com músicas que fiquem na sua cabeça, mesmo ao fim deste relativo curto registro (15 faixas em 30 minutos). E, da mesma forma que seu antecessor Hair o fez, Joy consegue dosar ambas as influências dos compositores ao mesmo tempo que faz pequenas interferências. O Folk sincero de White Fence ganha tons mais ríspidos e o Rock agressivo de Ty Segall é amaciado com uma espécie de Psicodelia dos anos 1960 crua e lisérgica.

Com crescimento efervescente, Beginning abre o disco tentando nos alertar das possibilidades contidas dentro do registro, passando de experimentações com batidas fortes até um tenso e ligeiro Rock. Good Boy é mansa à primeira vista, mas não se engane, pois logo você consegue notar que ela te conduz para onde quiser e como quiser, quase como um caleidoscópio caótico que dissemina ora a Psicodelia, ora um Folk campestre de raíz americana.

Other Way, por sua vez, reflete a metade de Ty Segall, de uma forma Punk ríspida e que cede espaço para experimentações que beiram o Noise. A mais longa música do álbum, que alcança a marca dos cinco minutos, é uma espécie de odisseia progressiva em uma pílula, mudando bruscamente de humores, mas tecendo uma narrativa entre seus pedaços. Por fim, My Friend encerra dando ênfase nas referências de White Fence, em um Folk Rock que agrada aos fãs de Creedence Clearwater Revival.

O que parecia ser um disco despretensioso ganha contornos sérios e instigantes. Joy não é apenas uma sequência da sonoridade proposta pelos dois compositores em seu disco de estreia, mas um passo adiante na qual seu significado dentro da discografia de cada um é maior do que a soma das partes. Definitivamente.

(Joy em uma faixa: She Is Gold)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique