Amores, amigos, contatos e as impressões de uma nova cidade. Qualquer tipo de mudança mexe de certa forma com a gente. Marcela Vale saiu da ensolarada do Rio de Janeiro para viver e respirar novos ares em São Paulo. Depois, ainda assinou o contrato com a gravadora Universal Music, seu sonho distante, e voltou para sua cidade. Os conflitos causados por esses vai e vens e as mutantes relações humanas são alguns dos temas explorados nas nove canções de Para Dias Ruins, disco produzido por ela e o músico Lux Ferreira.
Esta parte temática, por si só, já despertaria um grande interesse em mergulhar no álbum. Mas um bom gosto também vem da forma como a construção da produção com sintetizadores, batidas e guitarras nos guiam entre os gêneros Reggae, Pop e até a Bossa Nova. Cada faixa tem seu mundo particular de sensações e foi exatamente assim que Mahmundi pensou em fazer o disco: “como uma playlist, para ser desmembrada”. É daí também que vem a ideia do título do trabalho.
Alegria abre o registro sem pressa e com leveza enquanto os versos transitam entre a saudade e a sensação bonita de atá-la. Tempo Pra Amar é um dos momentos mais pegajosos, que traz um marcante coro que alude ao Soul da década de 2000. Bem no começo, Vibra parece ser serena, mas logo se percebe a complexidade dos efeitos de voz casando com os timbres de guitarra.
O R&B Eletrônico que lembra o trabalho de Claudinho & Buchecha e Pepê & Neném aparece em Imagem; enquanto Qual é a Sua? chega carregada de melancolia e Reggae-Pop. Eu Quero Ser o Mar encerra o disco dando ênfase nas referências à Bossa Nova. Uma forma sutil e agradável de concluir esse ciclo.
Para Dias Ruins é daqueles lançamentos que trazem percepções diferentes a cada imersão. Em seus trinta e dois minutos de duração, fica evidente o constante crescimento de Mahmundi: mais mulher, mais artista, mais forte, cada vez mais confiante principalmente quando se trata de viver momentos árduos e desbravar o amor. Mas seria o amor a solução para os nossos dias ruins? As músicas de Mahmundi, com certeza, são um bom começo.
(Para Dias Ruins em uma música: Qual é a Sua?)