Este é o terceiro álbum deste grupo de Birmingham, Alabama. Os outros dois também foram comentados pelo Monkeybuzz, sendo que eu emiti meus pitacos sobre o segundo, Sea of Noise, de 2016. Em ambos os relatos há o reconhecimento do talento da banda, especialmente do vocalista, Paul Janeway, um cara que tem raízes no Gospel de sua terra natal e que resolveu cantar algumas composições seculares, gerando o prório St. Paul & The Broken Bones. Young Sick Camellia traz uma novidade bastante interessante para o universo de Janeway e sua turma: a modernização de timbres e um – vejamos – afastamento da estética dos outros dois trabalhos.
Bem, nem tanto assim. Se levarmos em conta que a galera deixou o parâmetro sessentista de Soul clássico da gravadora Stax para abraçar alguns arranjos setentistas e oitentistas, ainda não teremos adentrado o território contemporâneo do estilo, certo? E olha que Janeway recrutou Jack Splash para pilotar o estúdio, logo ele, que assinou trabalhos de gente como Mayer Hawthorne e Kendrick Lamar, justo para garantir este update. No fim das contas, ainda é tudo um pouco vintage por aqui, mas há mais frescor e criatividade no ar. Talvez o canto clássico de Paul e a reverência com que a banda ataca as canções sejam fatores indissociáveis, o que não atrapalha em nada a audição do álbum.
Das catorze faixas, três são vinhetas, com duração entre 30 e 90 segundos e os melhores momentos são as duas canções com arranjos dançantes, que prestam homenagem à Disco Music, com grooves de gente grande, metais, teclados e tudo mais. GotItBad é uma pequena gema de baixos sintetizados e vocais na medida. Há demonstração de virtuosismo da banda por toda a faixa, mas nada que atrapalhe o prazer de ouvir, porque tudo soa necessário e legal. Splash ainda colocou um molho de cordas e órgãos – uma marca registrada do grupo – e tudo funciona perfeitamente. LivWithoutU é a outra canção com DNA Disco, igualmente fluida e bacana, mas com um andamento um pouco mais cadenciado, o que não atrapalha seu charme.
Há outros bons momentos. Apollo é uma balada em midtempo, com arranjo bonitinho, mas talvez um pouco conservador, enquanto Hurricanes é uma gravação mais lenta e intensa, com espaço para Janeway mostrar sua versatilidade como cantor. Convex é outra ótima faixa, com ritmo cadenciado, metais e bateria dialogando em harmonia. Fechando o disco, outro momento contemplativo com Bruised Fruit, com apelo jazzistico no arranjo, e uma versão “radio edit” de Apollo.
É provavel que este terceiro disco leve St.Paul & Broken Bones para audiências mais diversas e maiores, mostrando o talento que o grupo possui. Estamos atentos e torcendo para que esta fórmula de boa música e referências legais, porém, não aprisionantes, esteja sempre a serviço dos sujeitos.
(Young Sick Cammelia em uma música: GotItBad)