Villagers, o projeto do dublinense Conor O’Brien, nasceu lá no início da década em um cenário extremamente favorável para o Folk. Seu álbum de estreia, Becoming a Jackal, ganhou indicações no Mercury Prize uma vez que respondia, com uma competência acima da média, a um momento de calma e melancolia do mundo com a voz leve e timbres de madeira de sua música.
Oito anos se passaram e The Art of Pretending to Swim, o quarto álbum do currículo, finalmente nasceu. O nome faz alusão a uma espécie de afogamento, mas vista sob uma perspectiva mais, digamos assim, poética. Essa metáfora vem para ilustrar a melancolia patente de O’Brien, sempre trabalhada de maneira graciosa, marca registrada de sua música.
A primeira faixa Again, traz os seguintes versos: “I’ve found again (Again)/A space in my heart again (Again)/For God again (Again)/In the form of art again (Again)/I let it flow… (Again)”. É uma excelente introdução porque resume muito bem o que o álbum é: um trabalho fluído, mas que repete mais ou menos todas as fórmulas que já havíamos visto no passado da banda. Letras genéricas, que falam de maneira grandiosa e sem muita atenção aos detalhes, são acessíveis e parecem querer atingir o maior número de ouvintes possível.
A diferença principal, no entanto, vem na forma de sintetizadores que respingam aqui e ali desde o início do álbum, até ganharem o formato espesso de uma névoa que encobre toda sua segunda metade. Se o recurso não chama tanta atenção como uma novidade estética (como em Bon Iver, por exemplo), todavia serve para criar um clima cósmico e grandioso que sustenta a ambição do compostor por aqui.
Como quer que seja, Villagers vem construindo um caminho seguro e retilíneo desde os 2010. Por mais que promova sempre alguma pequena provocação nos seus trabalhos, o trabalho soa seguro de si mesmo. Ou seja, The Art Of Pretending to Swim vai entrar sem dificuldades para a playlist daqueles que gostam de um som tranquilo e introvertido no final do dia.
(The Art Of Pretending to Swim em uma música: Real Go-Getter)