Depois da virada do século, uma onda favorável do Folk garantiu o lugar de um ótimo time de cantoras – indo de Josephine Foster a Angel Olsen – no proscênio da música. Embora cada uma tenha, é claro, sua própria personalidade, algumas características em comum entre elas se mantém, como o vocal aveludado e o violão dedilhado amparados por uma melancolia sutil. De todas elas, talvez Marissa Nadler seja uma que destoa dos seus pares de maneira um pouco mais acentuada, trazendo um clima gótico para sua música, envolvendo-se sozinha em uma escuridão, que ultrapassa a mera contemplação e traz uma assinatura austera em sua música.
For My Crimes, o oitavo trabalho da artista em pouco menos de quinze anos de carreira, apesar de estar embalado pelos mesmos trejeitos de seus antecessores, parece amenizar um pouco o tom obscuro, que fica reservado à estética branco e preto das capas e dos seus clipes. Não fossem estes últimos, que acabam condicionando a percepção do ouvinte para algo mais dramático, não seria de equiparar esse trabalho aquele sofrimento romântico que observamos em Sharon Van Etten, por exemplo. Dito isto, não espanta que uma faixa como I Can’t Listen to Gene Clark Anymore traga justamente uma parceria entre ambas, que parecem compartilhar aqui, mais do o espaço entre as melodias, uma visão de mundo.
O trabalho soa fluído, mas pode passar ao fundo do ouvido de alguém menos atento ao trabalho, já que ele é bastante homogêneo. Algumas faixas chamam mais a atenção do que outras, como Blue Vapors por exemplo, que espreme a bílis da artista no refrão, construindo com sucesso esse universo dolorido, carregado de dramas humanos que ela pretende exibir. Se essa é sua onda, ou especialmente se você já é fã de Nadler, pode experimentar esse trabalho sem medo.
(For My Crimes em uma música: For My Crimes)
