Resenhas

Buke and Gase – General Dome

Segundo registro do excêntrico duo nova-iorquino apresenta suas idiossincrasias de forma bem natural em faixas esparsas e imaginativas

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Ano: 2013
Selo: Brassland
# Faixas: 13
Estilos: Indie Rock, Noise Pop, Experimental
Duração: 42:32
Nota: 3.5

Em seu segundo disco, a dupla Buke and Gase mostra mais uma vez sua sonoridade esparsa e imaginativa ao construir um trabalho múltiplo, complexo e sem medo de soar esquizofrênico. General Dome passeia por tantas referências e estilos, que são apresentados por instrumentos feitos pelo duo, que descrever o som da dupla através de tags é uma tarefa realmente difícil (alguns tentaram e criaram algumas realmente divertidas: “Fiery Metal-Infused Indie Rock”, “Chamber-Punk” ou ainda “Post-Proto-Punk Hyper-Power Minimal Prog-Folk With No-Wave Undertones” são algumas das mais curiosas).

A princípio, pode parecer confuso, mas ao dar o play você vai logo perceber que essa mistura surge fácil aos ouvidos e que o duo sabe construr suas idiossincrasias de maneira muito orgânica. Bem errático, o disco atinge uma dinâmica interessante entre suas faixas, o que cria um efeito curioso em sua primeira audição – ele consegue prender a atenção do ouvinte, que fica atento para ver o quão longe a banda conegue ir, usando um número limitado de elementos, e isso se repete ao longo das próximas vezes em que é escutado também.

Você vai perceber também que esse é um daqueles álbuns que não se conseguem tomar o todo apenas por uma parte, pois cada uma de suas canções se lança a territórios bem diferentes. Prova disso é abertura Houdini Crush, com sua aura austera e quase impenetrável, não fosse a doce e forte voz de Arone Dyer, que contrasta com a quase Pop Hiccup, faixa que mantém uma batida constante e contagiante, enquanto os instrumentos criam melodias igualmente contagiantes. Esse mesmo clima agitado se estende em In the Company of Fish, que mostra mais uma vez o senso apurado da dupla em criar ótimas melodias em canções muitas vezes pegajosas, apesar de apresentarem esse invólucro freak.

A partir daí, o disco segue em sua pequena viagem por uma montanha russa, aumentado e diminuindo o ritmo, mas sempre mantendo sua excentricidade. Entre esses altos e baixos, o duo brinca com faixas instrumentais em pequenos interlúdios (Sturtle e You Do Yours First) e circula entre o Pop (Hiccup e Metazoa), o Rock Alternativo (Twisting the Lasso of Truth) e algo mais percussivo (My Best Andre Shot).

Um dos elementos mais importantes na mistura do duo é o vocal de Arone, que se molda aos variados estilos que a banda produz. Na faixa que dá nome ao disco, ela (a voz) se torna calma e potente ao mesmo tempo, em Sturtle, Arone a multiplica dando a impressão de estar em um coro de um timbre só, cria algo próximo dos vocais de Karen O em In the Company of Fish e Twisting the Lasso of Truth, e ainda mostra o uso também não usual do auto-tune em Cyclopean, isso só para citar algumas de suas transformações.

Ainda que bem excêntrico, General Dome é um disco divertido e de audição extremamente fácil. E está aí a maior conquista do duo: conseguir criar à base de experimentações complexas e bases nada usuais, algo facilmente assimilável. Ainda assim, Dyer e Aron Sanchez criam uma espécie de armadilha para si mesmos, ficando presos em sua própria musicalidade e em suas estranhezas.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts